sábado, setembro 23, 2006

"FLORIADO"

Imperfeição, desleixo e gratuidade


A Musa Artística é prima distante do Dom Gratuito. Compara-se a este por ser simples, com os cabelos desalinhados, andar desajeitado e gestos comungantes e obscenos. Seus olhos nada perdem e seus seios são sempre fartos e, deliciosamente, disponíveis.

Considero os erros sempre com naturalidade ao produzir e criar. As imperfeições de maneira espontânea relevando, que é característico e próprio do instinto, vistas grossas as duplicidades na idéia ou nas suposições. Dessa maneira, e agindo assim, aproximo-me dela, a Musa.

Sei que ela fala sem pensar, intui os acontecimentos e tece, concomitantemente, seus enredos invertendo-os, contrariando-os, sempre avessa aos interesses, exacerbando-se risonha pelo que considera criação. Em constante desacordo, desassossega-se, deixando-nos livres de sua forte presença para que compreendamos o que dela flui, para criarmos, dando formas aos seus assopros.
Bonita essa Musa.

As imperfeições nas obras são distrações fundamentais, afagos de mãos despercebidas, fatos irrefutáveis que muitos desavisados apontam como erros ou falta de refinamentos hereditários, e que sem isso, ou aquilo, ela, a Musa, jamais me acompanharia nos, sempre constantes, cafés. Deliciosos cafés, esses, aos quais já, nós dois, ela e eu, afeiçoamo-nos.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Fiquei ausente durante quase todo este mes. Mas adorei o que vi e o que senti. Legal!
Vera

9:08 AM  

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