"LATITUDES"
Sinto-me feliz... Por poder querer-te como a um jogo de xadrez – talvez, sem fim. Em que desvario a luz dos quadrados. Altero o sentido dos exércitos. Pinto com tintas aguadas sobre papel de algodão. Em que te exponho à captura mas, ao mesmo tempo, como fiel peão, me deixo atingir. Todavia, te olho. Recolho-me em pensamentos perdidos pelo trâmite dos acessos de cristal. Levanto-me. Respiro. Não só pela boca. Porque aprendo que o movimento altera. Que as personagens se reconstroem. Pinto, pinto e pinto. As tintas me traem. E, em seguida, grito, esperneio, penso. Pelo prazer inebriante de cheirar a transpiração. A segregação que o medo expele, que o medo expulsa quando não somos honestos. Quando não somos frontais. Quando construímos metáforas. Eu construo metáforas... mas falo sempre a verdade.
Luiz Carlos Rufo
2 Comments:
Pela estrada a fora a metáfora foi atropelada por uma hipérbole, que exagero esse texto, gostei!
Me permitam, queridos Rufo e Luna, tentar ousar um triãngulo.
O texto é realmente lindo. Mais.
Sossegadamente ressentido. Sábio.
Sinto este cheiro no blog. Somos todos então, farinha, fermento e lenha dele mesmo, o blog. Vamos em frente.
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