quinta-feira, agosto 16, 2007

"Corneta"


Comunico-me em altos brados pelo silêncio das peças. Há quem diga: apareça! Há quem fale: porquê tanto? Porém, em sigilo conversamos, assemelhando-nos pelos corredores por onde muitos passam, tanto nas vindas quanto nas idas. É feliz esse caminho. Esse caminhar é feito, todo ele, por nós. Que coragem! Um vai lá, outro já vem. Nada do que é mostrado é de autoria própria e nem está a serviço de outrem. Para o construído já havia previsão. Para o mostrado, fartos projetos e alusões. A verdade desse compartilhamento é a de que há muito o que se trazer, imensidões para se olhar, sonhos fantásticos para se escolher. Tudo nosso, mas de ninguém. Tem de ouro, tem de lata, carne e sal, mas é apenas disponível, acessível, quase de graça. No intento da escolha muita coisa se perdeu. Mas há muito pra mostrar, e tão poucos são os que têm tempo para ler, atentar ou deleitar. Corremos assim daqui para acolá. Confundimo-nos nas entradas; enrolamo-nos nos entremeios; despistamos, demonstrando uma certa sabedoria, já na tristeza do final. Ah! é tão doce, mas também tão sofrido. Custa entender. Custa tentar. Custa deixar, depois do tanto que se fez, para se ir.
"Corneta do Serafim" - gesso / 2007 / LCR

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Por agora, tudo é calmaria! O espírito em prontidão saciando deste rico manancial de águas cristalinas que vertem sabedoria. Esta fonte perene que salta para vida eterna.
Tocar com as plantas dos pés em cada ramo verde que brota pelo caminho, e sentir o crepitar das folhas secas levadas pelo vento. A poesia desenhada no desprendimento do caminhar. Caminhar sempre juntos. Descobrir a riqueza , os valores perpétuos do ser. Transitar entre os espaços, desde os rústicos até os mais sofisticados, com a mesma singeleza de alma, que capta e esparge a beleza. Redescobrir o princípio de dar e receber a bondade, o júbilo de estar diante da imagem e semelhança do Criador: Ah! O estado de graça. O poder divinizado em nós e entre nós. À sombra das árvores, preparamos o caminho. Elas parecem celebrar, pois seus ramos, suas folhas, movem-se numa dança prazenteira. Que harmonia! A canção pronuniada pelo melodioso som da corneta e o batuque dos corações que se faz ouvir. Emoção: as lágrimas de cristais que cintilam nos olhos.
Elas se deixarão ir...

Ouvi, da Corneta do Serafim!

Miriam Lopes

6:14 AM  
Anonymous Anônimo said...

retificando:
"...a canção pronunciada"

7:15 AM  

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