segunda-feira, agosto 13, 2007

"Quando a arte restringe sua natureza ao próprio artista"


ESTROFE
És tu um jovem menino fofo, jactancioso!De inspiração porosa e de leves sonhos esparsos durante as noitesagitadas e precoces;Um trabalhador da pena mole, um vagabundo portador de genial talento elástico;Tens, oh! Anjo de elegância e requinte, lugar reservado no quintodegrau da escada descendente de meu rico trono que herdei da Arte.Lá, no quinto ponto de apoio revestido em mármore, ficarás, oh!Pugilista de Almas, por 637 dias consecutivos cumprindo o expedientede tuas declamações, escritos e iluminuras luxuriosas.Não haverá repetições ou intervalos em tuas falas, nem descansosregados a doces e licores, apenas a observação de muitos rostosestupefatos a indagar: Porquê?

ANTÍSTROFE
Em meu sonho vejo a linda árvore que sombreia um fauno concupiscente mostrando-me com luxuria suas brancas nadegas. De seus ombros torneados brotam tufos de lisos pelos dourados. Ele estica o braço e toca a criança que cai. Reparo que logo atrás dessa vêm outras. Pergunto-me: elas precipitam-se sobre a terra ou estão a voar? Compreendo que isso não é cair, mas descem bruscamente. Vejo que se divertem, mesmo o seráfico, esticando o braço, não pode tocá-las. Logo mais embaixo a água cristalina reflete seus vôos loucos e algazarrados. Esqueço-me das crianças e ponho-me a reparar mais atenciosamente, porém, nas sombras que se movem lentamente sob sua transparência. Será alguém que nada? Um mergulhador de longo fôlego? Apenas um peixe com características de um ser humano...talves os dois. Assusto-me de pronto ao ver que nas costa de tal criatura vem a reboque um robusto e velho leão, e é nessa parte que o sonho enegrece com fumaça. Passo alembrar de como poderia rabiscar imagens de mulheres ordenhadeira, aquelas que vestem tocas e têm as costas meio nuas prontas para se lamber com zelo, saboreando prazerosamente sem cuidados excessivos. Ah! lembrei-me que em algum canto havia uma banqueta com três pés.

EPODO
A última das três partes de que se compunham.
ilustração: Adolphe William Biuguereau

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mergulhar nestas linhas, transporta-me para um lugar elevado.
Lembro-me de Píndaro, príncipe dos poetas, e de suas palavras “Homem, torna-te no que és”.
Esta Ode é invocação à Serenidade.
Serenidade é quem sabe proporcionar o júbilo.
Quando os deuses nos reservam os grandes sucessos, a vida é doce.
E sucesso tem esta essência: INSPIRAÇÃO!

Miriam Lopes

5:47 AM  
Anonymous Anônimo said...

retificando:
"Homem torna-te o que és"

12:47 PM  

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