quarta-feira, dezembro 21, 2005

ÁRVORE "6.3.7"


Posso dizer que Árvore “637” – se diz “meia, três sete” – é um tesouro em arca.
O tesouro foi construído antes. A arca veio depois por necessidade de agregação, segurança e identidade semelhante as riquezas adquiridas com esforço, submissão e sorte.
Os desígnios de um empenho magnânimo em zir uma série inesgotável de imagens, ofereceram farta energia para o desenrolar tranqüilo dessa aventura pautada por múltiplas cores, engenho para o suporte, nesse caso o papelão, empurrando-me para o cerne do tema: árvores. Iguais como árvores para a natureza, diferentes entre si como símbolos de uma almejada qualidade universal.

Posso contar que Árvore “637” – constituída de técnica mista sobre papelão – resultou de gestos quase mecânicos para a busca das imagens e seleção de cores e livre intuição na concepção das formas significadas na insistência e na inexauribilidade de um esforço repetitivo no gesto e singulares entre si quanto aos resultados exibidos.

Posso afirmar que Árvore “637” - que é uma coleção com 637 técnicas mistas sobre papelão – é poesia emanada e mantém a integridade de uma floresta enquanto agregada dentro da arca, regendo a vida com valores inimagináveis de uma única árvore quando particularizada e vista uma por uma.

Posso enganar a mim mesmo ao conceber Árvore “637” - através de poder imaginariamente constituído – como uma imensa e indivisível floresta, personificar-me em leão que destina seus esforços a certeza de seu propósito quando na busca de seu alimento espiritual. Como macho, o leão encarnado, reinante, se posiciona a favor do vento, espalhando seu cheiro, enquanto fêmea se esgueira por trás das imagens/presas e as concretiza, utilizando suas mãos e seus grandes olhos.
Posso, como criador, oferecer, a quem queira olhar, os sabores inigualáveis de Árvore “637”.