quarta-feira, abril 12, 2006

"ENTREVISTA NA ÁRVORE"


Ana Adominoni, responda com carinho.

•Qual sua formação, como despertou para arte, como se recicla?

A minha formação inicial foi de Caracterizadora Teatral; estudei no Teatro Colón, Buenos Aires, Argentina. Depois da Caracterização Teatral, estudei Cenografia na Escola de Belas Artes “Ernesto de la Cárcova” – IUNA, também em Buenos Aires.
Comecei a pintar quando era criança. Participei de concursos na escola, cheguei a ganhar. Fui muito estimulada. É a maneira que escolhi para me expressar. Sinto-me muito à vontade assim.

•Quais os sinais observados que a levaram a encarar a arte como veículo de seus anseios?


Como comentei, comecei a pintar quando ainda na infância. Os desenhos e as cores expunham as percepções da minha sensibilidade de criança. Continuou sendo o instrumento de exposição das minhas percepções.

•Qual técnica maIs lhe atrai e que temática vem desenvolvendo?

Gosto muitíssimo do Impressionismo.
O tema essencial das minhas obras tem sido o retrato das pessoas no meio social. As cenas cotidianas são muito interessantes, prestam depoimentos. Gosto de relatar esses depoimentos...

•O que importa a técnico ou a originalidade?

É preciso definir o conteúdo da distinção que a pergunta formulada adotou, quer dizer, é preciso saber se quer dizer que à técnica não é possível a adição do talento ou ainda se quer dizer que a originalidade é o parâmetro necessário e suficiente da expressão. Não faço a distinção desta maneira. O bom emprego da técnica retrata certamente a presença do talento. Sem dúvida, é possível que seja apenas o relato da existência do talento relativo à capacidade de dispor de certo instrumento, mas não há relação necessária. Talvez, portanto, não seja possível posicionar
as importâncias da técnica e da originalidade.

•Acompanha o mercado de artes, vende seus trabalhos oficialmente?


A primeira vez que recebi a notícia de que fora vendido um trabalho meu, fiquei eufórica. Não me lembro sinceramente quanto valeu aquela tela. Esse era aspecto que não tinha mesmo a
menor importância; fiquei felicíssima: afinal, houve interesse por aquilo que eu fizera. Hoje, da mesma maneira, há a mesma felicidade quando alguém se interessa por aquilo que faço. O dinheiro, no entanto, é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. A aferição da quantidade de dinheiro que mede o valor de troca de cada bem depende da verificação de parâmetros. Há trabalhos meus em galerias e em lojas.

•Acha que a arte deve ter mercado para ser arte?

Penso, como falei, que o dinheiro é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. A cultura sócio-econômica sinaliza os critérios de valoração dos bens. Com relação aos artistas, a impressão que tenho é que na maior parte das vezes a cultura sócio-econômica dispõe que apenas o critério do espaço-tempo é suficiente para valorar o trabalho, ou seja, significa que se paga apenas à mão-de-obra. Quer dizer, nem sempre se paga realmente pela obra-de-arte. Mas não é o mercado que informa a existência da obra-de-arte. Não há relação de dependência. O mercado pode influenciar as formas da manifestação da obra-de-arte, o que não pode resultar relação de dependência.

•No Conjunto Nacional, Av. Paulista em SP temos um amplo corredor onde periodicamente há amostras de arte, ou seja a exposição é livre para os passantes; temas ali no mesmo corredor o espaço cultural da Nossa Caixa, lugar onde se tem que entrar para ter acesso as obras. É flagrante onde os trabalhos são mais valorizados. Você acha que a obra de arte em relação ao seu observador depende do espaço que ela ocupa?

Há algum tempo a revista Caros Amigos publicou entrevista com o escritor Ariano Suassuna. Uma das perguntas que fizeram ao escritor foi se costuma ouvir música enquanto trabalha. Respondeu que não, que gosta muito de música, que a música demanda a sua atenção. Então, ou ouve música, ou trabalha. A resposta de Suassuna é muito interessante, suscita a relação entre a obra de arte e o espaço do observador. Quer dizer, ao que parece, divulgação e exposição não se confundem; de fato, talvez devam acontecer em locais de características distintas.

•Você exporia sua obra em qualquer lugar desde que tivesse observador ou suas amostras dependem do espaço que as acolhe?

Como comentei na resposta à pergunta anterior, penso que é certo prestar atenção ao espaço do observador. Acho que o bom local para exposição é aquele que permite o exercício da vontade do observador. A divulgação é importante, é necessária, mas, como disse, não se confunde com a exposição, que deve acontecer em local com características próprias.

•Gostaria de ver suas obras expostas onde?

Sempre quero muito saber o que as pessoas pensam sobre o que faço. Lembro de novo de quando recebi pela primeira vez a notícia de que fora vendida uma tela minha. Pensava e pensava sobre o que motivara alguém comprar aquela tela. Então, é como disse: gosto do local que permite o exercício da vontade do observador. Tem a ver com a oportunidade de saber que interesse há por aquilo que fiz. Além disso, acho que as pessoas que se interessam em saber aquilo que faço me oferecem oportunidade muito rica de pensar sobre as reações àquilo que faço.

•Qual seu ritmo de produção e o que tem feito ultimamente?

Trabalho diariamente. Experimento as idéias. Procuro maneiras de expressá-las. Faço inúmeros ensaios. Tenho, por isso, freqüentado a Oficina de Arte do MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia), o que possibilita o amadurecimento de idéias e satisfaz os meu objetivo de trocar idéias com outros artistas.


•Pretende expor na ÁRVORE637?

Acho uma boa idéia expor em páginas culturais.

•Quem é mais importante para o mundo o artista ou o vendedor?

As possibilidades de expressão do gênio humano são, sem dúvida, infindáveis. Os talentos são os mais diversos, sempre destacam a beleza das possibilidades infinitas do ser humano. Como disse, o dinheiro é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. Nem sempre é possível dizer que os critérios da cultura sócio-econômica são justos quando determinam quantos dinheiros valem os talentos de cada um.

•Treze é número de sorte? Faça seu derradeiro comentário.

Quantas pessoas vão ler esta entrevista? Gostaria de saber. Ta aí um número de sorte. O número de pessoas que se interessou em saber um pouco do meu trabalho. Um número de sorte. Mais sorte ainda com certeza será o número daqueles que vão resolver conhecer um pouco daquilo que eu faço. Esses números eu sempre gosto demais.
TANGO - óleo sobre tela - Ana Adominoni

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Grato Ana. Seus talentos são impressos nessa sua delicadeza.
Apesar de não ouvi-la falar percebo seus trejeitos.
Bela arte.
Herrera

5:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Quero perguntar-lhe sobre como é fazer arte nessa Bahia?
Taís

5:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

Meu Deus ! como é bom beber na fonte, principalmente quando se percebe o quão pura ela é.

Obrigado Ana. Obrigado Árvore.

8:27 PM  
Anonymous Anônimo said...

Certo, falou, falou e cadê as obras? O Rufo disse: exposição na ÁRVORE!
Ana, estamos aguardando o vernissage.
João Antonio - Paraíba

3:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

Anita, traducilo a castellano para que podamos entender mejor, me encantaron las obras.
besossss
Mariana,Bs As

9:58 AM  
Anonymous Anônimo said...

Obrigada Rufo, Obrigada Arvore!!
pela oportunidade!
Grande abraço para todos.
Ana Dominoni

9:46 AM  

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