sexta-feira, setembro 07, 2007

"Os Pratos de Rufo"

Meu impertinente capitão pediu-me que escrevesse uma apresentação para os seus pratos. Esse pedido poderia ser de fácil execução, não fosse Rufo o diversificado e talentosíssimo artista que é. Poeta, escritor, escultor, pintor, nada no mundo das artes passa incólume pelas mãos de Rufo.

Sua coleção de 120 pratos (isso mesmo 120!) é uma estonteante viagem que atravessa a mitologia, a história da arte, da filosofia, da poesia para nos encantar a todos com seus vigorosos contrastes de cor, textura e temporalidades diversas.

Cada um dos pratos encerra uma história única, portador de uma estética peculiar que, em conjunto, dá, a quem tem o privilégio de visualizar a totalidade da obra, uma breve noção do alumbramento desse mais recente trabalho. Vigoroso e de uma fertilidade espantosa, Rufo presenteia-nos com seu particular universo mítico, onírico e surreal, ao trazer para o nosso quotidiano, na forma de um objeto absolutamente trivial e ao mesmo tempo sagrado que é o prato, a estética do imprevisível.

O prato, em Rufo, não mais é receptáculo para o alimento diário, mas uma metáfora de todas as nossas fomes, inclusive, e principalmente, a fome inútil e desnecessária da arte. “A gente não quer só comida” parece brandir Rufo, rufar Rufo, a cada prato exibido. Queremos beleza, queremos filigranas insuspeitas, queremos inutilidades estéticas, queremos pratos que não servem para comer, não servem para nada além de serem apreciados como pratos em si mesmos, transubstanciados pela magia da arte que nos alivia a vida e nos fortalece frente à morte.

Pratos eternos, perpetuados pela laboriosa mão do artista que, mais uma vez, serve a nós, pobres mortais, um gostinho de deus.

Ei-los, em resumo, abaixo:

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Christiana: belíssima apresentação!

Rufo: a seqüência das fotos está bárbara!! Arte e cores repousantes!!
Amplexo carinhoso a ambos,
Clarice

4:49 AM  
Blogger ANALUKAMINSKI PINTURAS said...

Muito bonito o texto, sobre a constelação de pratos-planetas de Rufo. E sim, não são apenas pratos para receber e servir a comida cotidiana e trivial, mas pratos-mandalas, mundos, mágicos, para servir e transportar sonhos, medos, desejos, cores e amores, sacralidades e segredos, poeira e poesia, lágrimas e cristais, curvas e olhares, sabores, saberes, sentires...
Sim, para aliviar ou saciar a fome de arte, de sentido, de sabor e beleza, aparecem os pratos-astros de Rufo, um presente dado ao mundo pelas mãos do poeta-pintor-escultor! Abraços alados.

5:11 AM  
Blogger Christiana Fausto said...

Obrigada Clarice e Analuka pelas palavras carinhosas. Nosso Rufo merece! Abraço, Christiana Fausto.

10:55 PM  

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