segunda-feira, março 27, 2006

PEQUENO ACHADO....

“Quando meus dedos apalpam a argila, sinto-me caminhando novamente pelas ruas de Stampa, com os sapatos enlameados, regressando da escola; e as montanhas voltam a se ondular à minha volta com suas ravinas que me levam até as alturas em direção aos balcões do abismo e suas escadas de xisto, sílex ou nuvens; torrentes de energia começam a fluir entre as palmas de minhas mãos...”

Uma citação do escultor Alberto Giacometti

Editoria da ÁRVORE - Colaborou Mira Serrer Rufo

PEQUENO ACHADO....

"A função do artista é assim bastante clara: ele deve abrir um atêlie e tratar de consertar o mundo, por fragmentos, como ele aparece. Não porque se toma por um mago. Mas por um relojoeiro. Reparador atento da lagosta ou do limão, da colméia ou da compoteira, aí está o artista moderno. Insubstituível em sua função. Seu papel é modesto, como se pode ver. Mas dele não se poderia abrir mão."
Uma citação do poeta Francis Ponge
Editoria da ÁRVORE - Colaborou Beto Muniz

domingo, março 26, 2006

“Em todas as ferramentas repousa o objeto construído, lindamente, por mãos escravas. As ferramentas estão por toda parte, pode olhar!”
(Luiz Carlos Rufo)

"Anjos..."


...então “Anjos de Prata” é tudo isso: quase seis anos de existência; mais de 350 autores participando; uma nova antologia a cada ano; e uma grande festa sempre no primeiro sábado de dezembro. E este é apenas o começo da nossa história. O que ainda faremos certamente será melhor do que o que já fizemos e saber disso nos deixa, literalmente, nas nuvens.

"ANJO na ÁRVORE"

Joana
- VACA!!!
Xinguei e dei o tapa com raiva, mas não ouvi o estalo emitido pela palma da minha mão. O som breve e seco foi levado para o inconsciente e nalgum lugar da mente, meus sentidos despertaram um prazer antigo, gozado ainda menino, todas as vezes que papai matava porco no sítio.
Para os moleques da família o pernil suíno tinha a mesma consistência e volume dum corpo adversário, excelente para treinar os golpes certeiros, decisivos, daqueles capazes de definir uma luta na saída da escola. Por isso, enquanto esperava que os homens da casa retalhassem as carnes, separando gorduras, ossos e couro, o traseiro de porco, pendurado num dos galhos da mangueira, substituía as fuças dos inimigos imaginários - apanhava pelo Pedrinho, aquele fidumaégua. Meus primos treinavam murros e também me ensinavam a fechar a mão corretamente na hora de socar. O polegar devia firmar os demais dedos, os cotovelos levemente abertos e os ombros posicionados. O punho esquerdo servia para tirar a atenção do adversário enquanto o soco direito era arremessado forte, sem dó! Mas esmurrar o pedaço de porco não era meu passatempo predileto. Eu peguei gosto mesmo em estapear o quarto traseiro de suíno. A palma aberta, os dedos juntos, levemente arqueados para emitir som, a mão elevada pouco acima da orelha direita e sendo desferida num ângulo reto, descendente. Uma obra de arte! Eu tinha jeito pra coisa. O tapa gritava forte, o estalo doía na palma e a mão gozava, sentindo o tremor da carne gemendo, se abrindo e acomodando a agressão. Eufórico, recepcionando o frio estremecer do couro esbranquiçado a cada golpe desferido, eu batia, e batia, e batia.
O rosto branco da Joana estampava os contornos dos dedos e os vincos da minha mão. Era a primeira vez que eu batia numa mulher. Olhos arregalados ela ainda estava assimilando a agressão quando repeti o tapa. Eu nem lembrava mais o motivo da raiva, do xingo e do tapa inicial. O prazer tomara posse de mim e sobrepujara todos sentimentos e emoções quando minha mão afundou na carne quente, macia e aconchegante pela segunda vez. Dessa vez sem xingo! Só para confirmar que a cara da Joana era incrivelmente melhor de se estapear do que a bunda fria de um leitão. Redescobri algo em que eu era bom, eu ainda levava jeito. Eu quis, até pensei em repetir, sentir novamente a mão estalando gostoso na bochecha morna da Joana, mas não tive tempo.
- VACO!! - e a mão espalmada encheu minha cara de estalo, dores e calores.
Joana reagiu mais por susto. Estava tão surpresa, agoniada e assustada quanto eu, mas acredito que não foi a dor, nem a coragem, que a fez devolver o tapa e o xingo. Foi sua dignidade. Ela tinha essa coisa de igualdades, direitos iguais, dente por dente ou olho por olho. Tudo para ela tinha que ser nas mesmas condições... Mas eu já tinha pegado gosto! Durante um bom tempo, mesmo sabendo que Joana ia retribuir, eu metia a mão na cara dela.

"Noticiário da "ÁRVORE"

Luiz Carlos Rufo, “ÁRVORE 637”, recebe para um debate o novo colaborador, conselheiro, articulista e homem-forte do site literário “Anjos de Prata, Beto Muniz. Houve a necessidade de se ofertar muito café com bolo e convincentes argüições para que o visitante liberasse seu novo texto para publicação imediata. “ Minas está no mapa”.Cocluímos.

sexta-feira, março 24, 2006

"Sederunt principes"








"Sederunt principes"

"Sederunt principes". Colorful watercolors- Luiz Carlos Rufo - 2006
“Plainsong with melodic contours which are closely tied to the spoken rhythms and inflections of the text.”

sábado, março 18, 2006

Noite e Lua - SP

A noite e a lua em São Paulo - 18 de março de 2006 - 22h00

quinta-feira, março 16, 2006

"Herrera entrevista Rufo"

Leia texto do imaginário do artista e entrevista, produzidos por Herrera, clicando no link.

quarta-feira, março 08, 2006

"Homenagens"

Dez Marias
Rufo em 8 de março de 2006
Dia Internacional da Mulher

“Inesperadamente, lá estão, em seu olhar, provando-se na aparição e no sagrado.”