quarta-feira, agosto 22, 2007

"Superfície. No primeiro caso"


"Convidada"

Em um planeta esférico, sob o olhar tornado propriedade privada de muitos de nós, encontramos formas de contornos plúmbeos. São esferas tristonhas, soturnos monolitos, pesados poemas de cores que induz o pensamento distante e universal, com que muitos, a despeito de uma paixão, sintam e resfóleguem nessa obra constituída por um só bloco de pedra subjugada, constantemente ditadas por trapos de panos tingidos, por mãos aflitas, por sopros incontestes de autoridade superior. Alguém pinta para embelezar, que bom. Em harmonia, se me fosse dado falar da obra de Wall Santos Veloso, assim eu o faria, mas resguardaria-me do fato de tela visto pintar com as mãos nuas, de tê-la observado sob uma música estridente e invasiva, de tê-la surpreendido em sinceridade de alma, cabisbaixa a colecionar satélites. Descubro que nada vale o opróbrio diante de tanta candura, a de se pintar em estado puro, bruto e elegante. Esqueço-me das monstruosidades estéticas das coleções e dos colecionadores, das graciosidades do tempo da arte, dos vexames, explicações e desventuras do betume sobre o metal. Cabe a mim escapar, olhando em redor, distraído. Não vislumbro nenhum inesperado, disfarço meu contentamento diante de tais segredos descortinados pela arte duradoura desta matrona. Tenho sorte pois não habito as montanhas, nem me afaga o clarão, tão pouco se me dou em pestanejos. Ela pinta solitária e isso me satisfaz.
Luiz Carlos Rufo

"Lapa é um nome cor de rosa"


Sob o sol da LAPA, à esquerda de quem olha para o norte, repousa,
incandescente, "O Mago", conjunto de pedras esculpidas
de Luiz Carlos Rufo
foto: Mira Serrer Rufo

"Gatos e Gênios"

Rachel Rie Alves Yamada, participante assídua do PROJETO DE ARTE “Necessariamente” •uma experiência artística•, ministrado no ateliê Árvore 637, expõe
“Trio de Gatos” obra realizada em massa de papel.

Rachel Rie Alves Yamada e Luiz Carlos Rufo em tarde de sol
foto: Mira Serrer Rufo

"A Arte, esse gigante"


Poderia fazer cantar, uma após a outra, minha coleção de costelas, essas mesmas abaixo de minha espádua. Vejo nisso muitas vantagens que nos aproxima em paroxismo da criação. Um som vantajoso e retumbante em momento de maior intensidade adiciona uma disposição dirigida, pois segundo Aristóteles, somos o que fazemos repetidamente. A excelência não é um ato, mas um hábito. Martelando também se cria, pois não conseguimos refrear o empenho de golpes conseqüentes. Recitando, dizendo em voz alta, indefinidamente, também se canta e cantando assim veja-se a que ponto consecratório chegaremos. Para tanto relembro-me de o “Pequeno livro dos cornudos” do pensador Charles Fourier (1772/1837) que enfatiza sobre como se sofre de mal imaginário antes de se chegar ao real. Tudo isso antecipa em mim saudades do alvoroço do mar na orla de São Sebastião batendo por cima daqueles cascos pensando em não ir adiante parar logo em seguida, fixar-se.
(Luiz Carlos Rufo diante do dia que nasce muito além da orla em São Sebastião.)
foto de Mira Serrer Rufo sobre escultura de Rufo na Árvore

"Volta à Fonte da Criação"


Ambiente da Árvore/Fonte da Criação: foto Mira Serrer Rufo

"Pratos Iris"

Pratos / Luiz Carlos Rufo - foto: Mira Serrer Rufo

"Pratos Astros"


Pratos/Luiz Carlos Rufo - foto: Mira Serrer Rufo

domingo, agosto 19, 2007

"Artista da Árvore"

Camila de Oliveira, uma das artistas pioneiras a compor a turma da Árvore, leva sua arte sensivel e vertical ao Salão 2007 de Mostra de Artes de Diadema. Suas obras "Efeito de mim I", "Efeito de mim II"-pinturas sobre tela- e "Boi"-escultura, destacaram-se entre os premiados. Com esse feito, Camila promove uma importante doação de suas obras que ficaram permanentemente expostas no Museu de Arte Popular de Diadema.



Suzana Rojas W. Herrera, especialmente para a Árvore 637

"Quem volta de Portugal ..."


"Quem volta de Portugal, como eu, encontra, aqui na Árvore, uma obra de arte feita de gente e música, de talentos inesperados - como toda a história da Árvore-, de reuniões e leituras, de cores vivas agora representadas pela voz trinada de Miriam Lopes. Sons multiplos, iridescentes e melodiosos arrancados meticulosamente do piano por Nathália Barboza. Um baixo de estrondoso e rotundos sons, por vezes, prolongados de Robson Azevedo. Respiro e penso: é o tal "Madrigal" de que me fala, com entusiasmo, Rufo, sobre mais uma de suas adivinhações."

"Madrigal Árvore 637"

O Madrigal reune-se atualmente para preparar a apresentação musical "Literatura Cantada" -sobre o texto "Barcos" de Rufo - , que será encenada brevemente. A direção artística é de Luiz Carlos Rufo; composição e arranjos de Nathália Barboza e Robson Azevedo; canto e leitura de Miriam Lopes.


Na foto da esquerda para direita: Rufo, Miriam e Nathália.

Tais Wonder Grimme




"Madrigal": Nathália, Robson e Miriam.

"Música na Árvore"


O "Madrigal", oriundo das reuniões sobre Arte do Ateliê Árvore 637, realizou sua primeira audição pública, na SIPAT/USP, nesse mês de agosto. Formado por Nathália Barboza -piano-, Robson Azevedo - baixo- e Miriam Lopes - voz - o Madrigal encantou os presentes ao interpretar cações variadas e especialmente ensaiadas para a ocasião.

quinta-feira, agosto 16, 2007

"Entrevista"

Meditação no horário não faz o bom monge. Padronização dos procedimentos sem os materiais necessários incomodariam sobremaneira o produto da arte visual. A alimentação constante das idéias, com qualidade, para as necessidades de um ofício seria a mediação segura para que todos lucrassem com isso, pois, sendo assim a ARTE e suas atividades especializadas já poderiam correr atrás de outros processos, diminuindo custos para os comprometimentos, incumbências e missões evitando a repetição de alguma coisa ou fenômenos desencontrados. Processos inferiores, superiores ou hierárquicos direcionados harmonicamente resultariam em mais tempo dedicado aos cuidados com o conjunto das práticas artísticas do fazer de um determinado dia, de uma determinada obra. O desaparecimento, como uma dádiva, daquele julgamento de que o ofício da arte distribuído diariamente é mais acolhedor do que o que tarda se diferenciaria. Artistas da noite seriam abolidos para sempre, pois do fazer artistico engajado eles independem. Eu poderia tornar extinto esse comentário pois os processos propiciariam a igualdade na qualidade do fazer contínuo, pois é essa prática a primordial de minha ARTE.

"Umdenós"


"Cara de Prato"

pratos / massa de papel / 2007 / LCR

"Ele no rosto do astro"


pratos / massa de papel / 2007 / LCR

"Ela como o rosto da lua"

pratos / massa de papel / 2007 / LCR

"MEDUSA"


pratos / massa de papel / 2007 / LCR

"No sonho"

" ...ele era o leão na mão"
medalha / massa de papel / 5 d / 2007 / LCR

"Prataria"







































pratos / massa de papel / 2007 / LCR






"Um prato"


gesso pintado / 30 d / 2007 /LCR

"Dois pratos"


gesso pintado / 30 d / 2007 /LCR

"Angelus"


acrílica sobre tela / 40x60cm / 2007 / LCR

"Lava pés"

"A hora do angelus" - acrílica sobre tela / 30x40cm / 2007 / LCR

"Oração"


acrílica sobre tela / 80x90cm / 2007 / LCR

"Corneta"


Comunico-me em altos brados pelo silêncio das peças. Há quem diga: apareça! Há quem fale: porquê tanto? Porém, em sigilo conversamos, assemelhando-nos pelos corredores por onde muitos passam, tanto nas vindas quanto nas idas. É feliz esse caminho. Esse caminhar é feito, todo ele, por nós. Que coragem! Um vai lá, outro já vem. Nada do que é mostrado é de autoria própria e nem está a serviço de outrem. Para o construído já havia previsão. Para o mostrado, fartos projetos e alusões. A verdade desse compartilhamento é a de que há muito o que se trazer, imensidões para se olhar, sonhos fantásticos para se escolher. Tudo nosso, mas de ninguém. Tem de ouro, tem de lata, carne e sal, mas é apenas disponível, acessível, quase de graça. No intento da escolha muita coisa se perdeu. Mas há muito pra mostrar, e tão poucos são os que têm tempo para ler, atentar ou deleitar. Corremos assim daqui para acolá. Confundimo-nos nas entradas; enrolamo-nos nos entremeios; despistamos, demonstrando uma certa sabedoria, já na tristeza do final. Ah! é tão doce, mas também tão sofrido. Custa entender. Custa tentar. Custa deixar, depois do tanto que se fez, para se ir.
"Corneta do Serafim" - gesso / 2007 / LCR

"Bancada"


"Construindo pratos"




"Sentinela"

peças em massa de papel / 2007 / LCR

"Inacabado"


"O centáuro se prepara para longa cavalgada"
escultura em técnica mista / 2007 / LCR

"Centáuro Flechado"


acrilica sobre tela / 80x90cm / 2007 / LCR

terça-feira, agosto 14, 2007



















poema de André Viana em noite de poesia na Árvore
"Rufo em repouso" - foto de Mira Serrer Rufo / catálogo 2007

segunda-feira, agosto 13, 2007

"Onde e quando"


Onde e quando é paixão da verticalidade; é o amor pela filosofia da cebola: sou miolo, sinto-me acolhido por um dia poder vir a ser casca.
Que tudo seja sereno, diz "Onde e Quando", pois elevamos os significados e os signos transcendentes para que o anjo transpareça em cada homem.


escultura: O Guardador - 2007 - Gesso - LCR

"Quando a arte restringe sua natureza ao próprio artista"


ESTROFE
És tu um jovem menino fofo, jactancioso!De inspiração porosa e de leves sonhos esparsos durante as noitesagitadas e precoces;Um trabalhador da pena mole, um vagabundo portador de genial talento elástico;Tens, oh! Anjo de elegância e requinte, lugar reservado no quintodegrau da escada descendente de meu rico trono que herdei da Arte.Lá, no quinto ponto de apoio revestido em mármore, ficarás, oh!Pugilista de Almas, por 637 dias consecutivos cumprindo o expedientede tuas declamações, escritos e iluminuras luxuriosas.Não haverá repetições ou intervalos em tuas falas, nem descansosregados a doces e licores, apenas a observação de muitos rostosestupefatos a indagar: Porquê?

ANTÍSTROFE
Em meu sonho vejo a linda árvore que sombreia um fauno concupiscente mostrando-me com luxuria suas brancas nadegas. De seus ombros torneados brotam tufos de lisos pelos dourados. Ele estica o braço e toca a criança que cai. Reparo que logo atrás dessa vêm outras. Pergunto-me: elas precipitam-se sobre a terra ou estão a voar? Compreendo que isso não é cair, mas descem bruscamente. Vejo que se divertem, mesmo o seráfico, esticando o braço, não pode tocá-las. Logo mais embaixo a água cristalina reflete seus vôos loucos e algazarrados. Esqueço-me das crianças e ponho-me a reparar mais atenciosamente, porém, nas sombras que se movem lentamente sob sua transparência. Será alguém que nada? Um mergulhador de longo fôlego? Apenas um peixe com características de um ser humano...talves os dois. Assusto-me de pronto ao ver que nas costa de tal criatura vem a reboque um robusto e velho leão, e é nessa parte que o sonho enegrece com fumaça. Passo alembrar de como poderia rabiscar imagens de mulheres ordenhadeira, aquelas que vestem tocas e têm as costas meio nuas prontas para se lamber com zelo, saboreando prazerosamente sem cuidados excessivos. Ah! lembrei-me que em algum canto havia uma banqueta com três pés.

EPODO
A última das três partes de que se compunham.
ilustração: Adolphe William Biuguereau