quarta-feira, maio 31, 2006

"O Espelho"

Registrar uma obra é uma das tarefas mais absurdas que alguém possa admitir para si.
Perseguir fiapos de explicações dispersos por todos os cantos, juntá-los como ouro em pó na ventania, suplicar por um dedo de esclarecimento sem ser atendida. Sim, nossa trajetória nos mostrou o quanto é penoso encarar o trabalho de arte sem a presença do artista. Ou melhor, com a ausência proposital dele. “Nem um dedo de prosa”.
O que escrever então?
O que se faz luminoso nessa escuridão para nossos olhos inexperientes? De fato, sabemos que esse mundo somente o próprio artista desvenda.
Digamos que foi penoso, no sentido das descobertas. Digamos que repetiríamos a aventura sem pestanejar. Uma atelier que encerra décadas de história não é para passeio ou para se descobrir belas obras. Lá, nos meandros do atelier, sabemos de todas as coincidências que uma obra de arte impinge, sem distinção, aos seus transeuntes. Lá, pudemos perceber a existência desse mundo mágico, rico, secreto e fugidio, que se relaciona sem medo com os imaginários humanos, que reflete no espelho que é o artista, toda a sua glória de existir e de se mostrar para todos.
Taís Wonder Grimme / Fotos: Mira Serrer Rufo

"Nossa Missão"






Optamos por uma despedida sem muitas palavras.
Deixamos imagens que falam por nós.
Aguardaremos a próxima deixa, e aproveitamos para informar que o Portafólio de Rufo, belíssimo e com tiragem restrita, vaga por outros paises: está escrito em três línguas diferentes mas as imagens falam uma única linguagem. A linguagem de pertinho, em nosso coração.
Até breve.]

Taís Wonder Grimme /Mira Serrer Rufo

"Spiral Galaxies Janos"

Achamos a tal moeda. Após a conclusão da coleção de desenhos "Spiral Galaxies Janos" - nanquim sobre papel - a surpresa: um ponto brilhante na rua, era Janos em pessoa.

quinta-feira, maio 25, 2006

"Filosofia plástica"

Encontramos aspectos filosóficos e históricos nas imagens firmadas nas mais variadas técnicas e períodos. Esse é um capitulo recorrente e um tanto subjetivo, oculto, na obra de Rufo, aparece entre produções mais significativas, em períodos de realizações esparsas e nas etapas da entre safra criativa, se assim podemos chamar períodos sem batismos importantes mas não sem produtividade.Nas obras “Imperador/Imperatriz”, “RARO”, “O Viandante” e “Kagemusha, a Sombra do guerreiro”, encontramos plasticidades tão distintas quanto as abordagens históricas, mas sem dúvidas esses temas se entrelaçam as questões fundamentais da vida.
Taís Wonder Grimme / Fotos: Mira Serrer Rufo

“Kagemusha, a Sombra do guerreiro” - óleo sobre cartão - 1984

"IMPERADOR/IMPERATRIZ"



Luiz Carlos Rufo / desenhos nanquim sobre papel - 1986

"RARO"


Luiz Carlos Rufo / desenhos PASTEL sobre cartão- 1982

"O VIANDANTE"


Luiz Carlos Rufo - Madeira/2006

"Coleção"





Luiz Carlos Rufo / aquarelas/ árvores- 1990

"CONSTRUINDO"




















Luiz Carlos Rufo / desenhos lápis / nanquim sobre papel poliester e filme cor - 1980

"Inúmeros retratos"










Lápis de cor sobre papel - LCR - 1980

"O POLIESTER E O NANQUIM

A arte conceitual é aquela que considera a idéia, o conceito por trás de uma obra artística. como sendo superior ao próprio resultado final, sendo que este pode até ser dispensável.
A partir de 1960, essa forma de encarar a arte espalha-se pelo mundo inteiro, abarcando várias manifestações artísticas.
Um trabalho de arte conceitual, em sua forma mais típica, costumava ser apresentado ao lado da teoria. Pôde-se assistir a um gradual abandono da realização artística em si, em nome das discussões teóricas.
O uso de diferentes meios para transmitir significados era comum na arte conceitual. As fotografias e os textos escritos eram o expediente mais comum, seguida por fitas K-7, vídeos, diagramas, arte postal etc.
Os artistas não se incomodavam em evitar as trivialidades, em criar elementos que tornassem interessantes suas composições ou realizar composições agradáveis ao olhar.
Alguns artistas iam mais longe, afirmando que essas imagens triviais poderiam refletir a própria superficialidade de quem as observa. Os pacotes de Rufo, realizados e guardados desde a década de 1970, valorizam a arte de riscar e encerram valores para a construção de uma arte prodigiosa, arte como trabalho e realização, a arte sem teoria e voltada diretamente para o conteúdo intrínseco, arte especular e anti conceitual que abomina o raciocinar, que não é dada a refletir ou a teorizar. Os desenhos contidos nesses “pacotes” transmitem uma arte que não nasce na cabeça de seu criador.





Taís Wonder Grimme / Fotos: Mira Serrer Rufo

Luiz Carlos Rufo / desenhos nanquim sobre papel poliester e filme cor - 1982