quinta-feira, agosto 31, 2006

"O LIVRO RÁPIDO"


O LIVRO RÁPIDO
Ela chama por si MIRIAM com "m" no fim, conforme orientações em juizo, mas os fatos são, obviamente, do inicio com "M".
Luiz Carlos Rufo
2006 (ainda?)

Prefácio
Pela falta de calma
o fato ou sinal sem nó
pelo qual me julguei adivinhar o futuro
inóspita e indefinida paciência,
de indivíduo que empresta dinheiro a juros ocorreu-me para fazer algo presto.
Produzir em precipitações
um afã em seu desejo, desejo dela, meu também
minha afobação entre pernas
soluços, solavancos
desembaraçadamente
criei

Capítulo I
Uma linda linha veio dela entre eu
ela, aparência em beiçadas, de passos vagos
achei que não me entendeu, me vigiava a fifozinha
me ocorreu desprezar, um me desprendendo
sabe como?
cativo por amor ou sedução
bela essa coisinha - tudo que eu exista ou possa, venha, ser meu
logo me convenceu tal tarantana
estando aturdido, com os ouvidos assim assim, tudo havia querendo ser eu
criei, fidus achates, cri.

Capítulo II
Serpenteou em enlevo
causou ao manifestar desejo em andar, ociosamente,
agora uma admiração profunda
um som de sua boca semelhante ao da flauta tentando me convencer com cartas mágicas, mas percebeu minha tristeza. Ui, ui-ui.
Mal sabe ela, mal sabe a crépida, promombó.
Desenha no ar para onde devo, agora, seguir
as dimensões especificadas em seu falar - boca gostosa, hum já beijei lambendo seu gosto de figo visgoso
no modelo das agitações
muito lápis muita tinta nenhum som, sou meio surdo
tem que chover, fiz chover, pensei seu leitinho
criei, de nota promissória, crera

Capítulo III
“Sem condição de escrever, cantei, parafraseando:”

ainda bem, não cheguei*
cheguei perguntando
cadê mariquinha?
tá na fonte chorando!
eu fui lá pergunta ela, ai meudeus!
o que tem que tá chorando?
ai meudeus
(estrela do norte - olê-lê)

o amor é firme
o rabicho é forte
o amor perfeito
casamento é sorte

hoje é a primeira vez, ole-lê!
qu’eu aqui venho canta, ole-lê!
eu também peço licença
para quando aqui voltar
(estrela do norte ole-lê)

Eclesiastes
“Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho...”

Que proveito tem o homem.
De seu trabalho.
O livro rápido evidencia um período em que de fato amei, mas foi rápido, rapidinho - uns vinte anos.
Para ela e o autor, as soluções tradicionais, grandes questões da vida,
particularmente para o sentido da vida, perderam a sua importância.
Ao invés de responderem estas questões com citações, desenhou-se, em largo traço ambidestro.
Lindas imagens de um Pregador, com lápis (ah-ah!)
Os traços introduzem metodologias baseadas na observação e na indução
A sabedoria, quando encontrada, alegrou-os
Por assim dizer, criei, ambição e desejo, crêramos.

Cantemos
“Sem condição de cantar, cantei, pára-fogo:”

estava triste, borococho**
um sabiá pareceu e me chamo
estava triste, borococho
um sabiá pareceu e me chamo

trouxe um recado de alegria
um coração apaixonado de poesia
trouxe um recado de alegria
um coração apaixonado de poesia

é tempo de cantar!
é tempo de fulô!
é tempo de amar!
é tempo de amor!

é tempo de cantar, com peito cheio.
é tempo de espantar, todo o receio.
é tempo de soltar, todo o gorjeio.



Final

Arrê-ferro!




*. Ainda bem não chegueiEnsinada por Filomena Maria de Jesus e recolhida por Frei Chico (Francisco van der Poel), Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, MG. Diz o pessoal do Vale que essa música é pra ser, assim como os batuques, “cantada e dançada”. Gravado pelo Coral Trovadores do Vale, Araçuaí.
**Tempo de Fulô. Música de Flávio Nascimento, PE. Flávio conta que essa música foi composta originalmente como um xote, homenagem a João do Vale. Optamos por fazer uma leitura ao modo das cantigas de roda de nossa infância, imaginando a molecada descalça dançando no terreiro.

quinta-feira, agosto 10, 2006

"Luz em Caravaggio"


O atelier em agosto. Será sempre o atelier em agosto.

"Luz em Caravaggio"

O atelier em agosto. A volta do filho pródigo.

"Luz em Caravaggio"

O atelier em agosto. Virgem, perscrutação, tempo.

"Luz em Caravaggio"

O atelier em agosto. Atividade, radioatividade, inclinação.

terça-feira, agosto 08, 2006

segunda-feira, agosto 07, 2006

“Santo anjo do Senhor, zeloso”

“Perscrutando as expressões na ceia”

"Exposição de quadros"

"O copo"



















“As imagens não são lembranças, são acontecimentos. As lembranças são complementadas em nós pelo que faltou ou resumidas pelo excedente.”

"O ninho, o cupim e a parabólica."

"Gira-mundo"



















“Nele, o jumentinho, eu giro o mundo praticamente sem quase nos movermos do lugar. Ele é lerdinho.”

Menino e seu jumento - Ritápolis

"As Therezas"



















“Somos amigas desde que nascemos. Ela é Thereza e eu sou Thereza. Nunca nos desentendemos. Sempre juntas desde a escola até a velhice. Mas agora, depois dos 70 e poucos, demos pra brigar. Não é para menos, pois não é que ela tem roubado meus namorados... E vice-versa.”

Jovens senhoras, amigas, filhas de Ritápolis

"O amigo desconhecido"

quinta-feira, agosto 03, 2006

"Meninas de Ritápolis"















"As meninas de Ritápolis são azuis. Falam timidamente e rondam as luzes da praça da igreja de Santa Rita do Rio Abaixo. São velozes essas meninas. Quando aportei já lá estavam em redor. Adoram, intuitivamente, uma câmera digital. Como é bom vê-las, as meninas"