quarta-feira, junho 13, 2007


Entrevista com Vampiro

Entrevista com Vampiro

Uma tarde, ao entardecer, na Árvore de Rufo e uma entrevista excepcional
Por: Tais Wonder Grimme
Fotos: Mira Serrer Rufo

Decidimos, todos do grupo, por uma entrevista sem perguntas aparentes, sugeridas apenas no contexto do resumo que apresentamos. No mundo excepcional das artes e de sua arte, Rufo teceu seus comentários ora silenciando, apontando exemplos nos grandes mestres, contando fatos, rabiscando no ar ou falando ininterruptamente. Foram horas de conversa fazendo exatamente o que ele não gosta de fazer: falar da ARTE. Ao término fez uma conta de cabeça e concluiu que poderia ter pintado uma tela, esculpido um de seus gessos ou simplesmente rabiscado algo. Não importa, eis o relato. Ah! foram muitos os cafés.


Semear rabiscos, para fazer germinar, para colher a arte disponível.

“Falar sobre arte significa, sobre tudo, convencer a todos; dar sentido, norte, um rumo; fazer crer no conjunto exposto e comungar de uma mesma idéia.” Rufo

•São belas essas minhas próprias palavras, porém, para mim, o dono delas, o mais importante no trabalho de busca pela arte não foi somente o de fazê-la, ou compreender como que pessoas acreditassem na conquista de formulações estéticas ou mensagens espirituais, um fato de certo,mas sem dúvida, novíssimo em suas vidas, como o foi para a minha. Porém, fez-me ver o que pensavam os filósofos a respeito dos fenômenos que se nos apresentam sobrenaturais o que nada mais é, constato, do que as sensações que nos vem antes do pensamento, nesse meio tempo cria-se. As sensações são formuladas antes do pensar a ARTE. Não destruir essa sensação é permanecer na ARTE. Ao artista chegam os sentimentos primeiro, fontes delicadas do saber fluem livres, são porem invisíveis mas gratificam o cérebro. A ARTE, ou o fazer ofício, é a concessão de um certificado de avaliação cósmica que exprime a concordância com um conjunto de padrões previamente instituídos por características dos mistérios da natureza. Acreditar a partir de um gesto é uma nova idéia de qualidade vivencial que combina segurança intima, ética profissional, responsabilidade e qualidade no atrevimento. Mas, a missão, imposta a mim, de fazer com que todos passassem a ver com clareza as infinitas possibilidades que esse fato, o da ARTE para todos, encerrava, quanto aos acontecimentos reais acrescidos de arte inata, presentes diariamente em suas vidas, tanto pessoais quanto, igualmente, conjunturais era, é e será sempre um grande desafio. Um desafio que a princípio me assustou, fazendo protelar meus desenhos, apagar rabiscos, rasgar obras fundamentais, fazendo que por muitos momentos que eu duvidasse de todas as suas grandes possibilidades. Mas com o passar dos dias, o que provavelmente é normal na roda da vida, já muito atribulado, pude perceber que para conquistar a tal verdade do gesto, deveria manter-me atualizado em minhas diversas áreas, buscando insistentemente a convergência entre as áreas do desenho, rabiscos, esculturas, pinturas, escritas, ensinando-me a mim próprio pelo auto didatismo e a pesquisar indecentemente todas as possibilidades de ver, ou seja, todo um universo operacional que se dispõe ao nosso bel prazer. Percebi que meu processo tratava-se de um processo mais educativo e informativo do que de fiscalização engajada e cobrança social, por isso me empenhei-me em deixar claro, para mim mesmo, que uma ação continuada como essa, de modificação gerencial de recursos puramente naturais e possibilidades infinitas com atenções voltadas para o criar seria, e em todos os processos internos, uma ação que só poderia dar certo.

Daqui para a frente o Célebre será sempre você, gritando como trompas de orquestra.

•O assunto da ARTE precoce e inata povoou minha infância e adolescência, inspirando-me, enriquecendo tudo o que era pobre em meu entorno, possibilitando cores, sonhos, ocupando minha cabeça por décadas com questões complicadíssimas que versavam sobre qualidade das coisas feitas com a mão, fama, aceitação por parte dos que nos afligem, valores, beleza, sedução. Através de leituras diversas e casuais, visitas arranjadas pelo espontâneo das coisas, passei a compreender que a ARTE, também conhecida por mim como um esforço inalcançável de alguém, como por ser de plena formação, assegurando conhecimentos que eu não sabia explicar. A esses usuários da excelência disponível, a qualidade da assistência familiar, e que era bem possível de ser conquistada, não só por mim mas por muitos que conheci, com muito carinho, esforço conjunto e doação pessoal, além de muita, muita dedicação e compenetração. A própria palavra “ARTE” contém um certo estranhamento que muitas vezes vi estampado nos rostos dos que me ouviam atentamente buscando compreender minha função de artífice das ocasiões, pois ela, a ARTE, estava completamente deslocada nesses ambientes, e eu, com maestria natural a evocava. Pois é, evocação, uma palavra que trás em si uma certa novidade que quer, e insiste pelo seu modo quebrado, nos convencer de uma veracidade. Assim eu tentei e prestidigitei a platéia. Acreditar, é sobretudo um termo técnico moderno, um ente de poesia, um nome para se gritar quando vive-se de vender verduras frescas. Não constante em dicionários, acreditar, nesse sentido complexo para designar conquista com qualidade dos argumentos que o rodeiam, é uma palavra que contém múltiplos procedimentos que se descortinam aos poucos, que nos envolve numa aventura de desafios e correções e nos faz compreender e formalizar a melhoria dos processos de nosso trabalho seja ele claro de sua missão ou apenas um impulso. Mas, quero chamar a atenção para a meritória idéia de continuidade que vem, inelutavelmente, embutida nessa palavra para logo além das primeiras conquistas que nos propicia. Uma das condições para a ARTE que, após conquistada, prevalece como suplemento autenticado em cada trabalhador envolvido nessa história, validando seus esforços em todas as fases, exigindo um caminhar atento e contínuo, sem tréguas, que nos levará de pronto a uma nova superação. A ARTE é assim.

Daqui para a frente o Célebre será sempre o resultado do trabalho entre mãos.

•Como artista que sou não poderia deixar, com relevo e paixão, de destacar particularidades de empenho na busca pela excelência da minha profissão. A ARTE, minha profissão, está apta para o desafio da qualidade. A ARTE já admite a muitos ver seu produto como um todo, como um ser não fragmentado por seus males. Enfatiza em sua prática diária que já passamos da condição de tarefeiros de alas industriais ou artesanais e estamos alçando a profissão de Assistência de Qualidade a um processo de integralidade, de segurança. Uma profissão que pode observar e interferir no todo das instituições de cultura. Com a experiência desse trabalho de ARTE pude constatar que somos, nós artistas, responsáveis pela nova consciência em relação aos resultados dentro dos processos, evoluindo nos indicadores qualitativos e não mais quantitativos de um mercado afetado. A participação nesse trabalho de busca da qualidade favoreceu e engrandeceu a ARTE brasileira, propiciando a visibilidade de suas competências. Falamos em interação entre os processos, as técnicas, as experiências, as constatações estéticas ou de esforço, falamos na convergência entre as disciplinas que a ARTE propõe, escultura, gravura e as de aproveitamento dos diversos materiais, entre outras, para falarmos sobre o SABER, sobre o FAZER e concluirmos que será o saber fazer que nos encaminha e nos faz aptos as técnicas transgredidas, habilidades manuais – que começam a voltar - e conhecimentos que exige o fato inconteste do fazer ARTE. O treinamento e a padronização não mais são funções únicas de uma educação continuada e constituída. Agora a ARTE está diante de uma realidade repleta de cronogramas estabelecidos e interações de processos. Concluímos, os pares e eu, que a ARTE não mais trabalha sozinha. As atividades profissionais executadas no seio dos ateliês desamparados têm condições naturais para a busca da excelência, ao atendimento das necessidades construtivas, de manusear seus próprios clientes. Foi um esforço incomum, intenso e gratificante da própria natureza que cerca os fatos artísticos e o nascimento contínuo desses artistas. Por se tratar de instituir um ambiente humano, profissionalmente capacitado e qualificado levando em consideração a multidisciplinaridade, no melhor exercício das profissões, logrou êxito usufruindo do que se poderia obter de melhor, entendendo a satisfação, a obtenção da satisfação para todos e para todas as obras.
Reflito, sempre, que buscar a ARTE para a entidade a qual pertenço, a ÁRVORE 637 por exemplo, proporcionou uma constante necessidade de aprimoramento pessoal, em mim e nos que me acompanharam. Ficou evidente essa condição de busca em todos. Do mais alto ao mais baixo. De Vittore Carpaccio, Luca Signorelli a Di Cavalcanti e Jorge Eduardo. Uma recíproca analise de muitas possibilidades, o reconhecimento da necessidade de compartilhar, deixando-se sempre influenciar pelas questões do todo que envolve a equipe, a instituição e o cliente – pois na ARTE há o cliente. Em um processo como esse, com esse nível de participação, percebemos claramente que a deficiência existe e que o diálogo aberto e franco aproxima, enfatiza e resolve questões pendentes entre todos os setores, seus lideres e componentes.
Posso garantir que dentro desse processo há ARTE, e é hoje atuante, humana e competente. As maneiras de entender e confeccionar ARTE de diversos setores, sabedoras de um profissionalismo, já se questionam, já refletem, já debatem sobre como proporcionar um atendimento com qualidade as necessidades das propostas – propostas essas que muitas vezes levam décadas para se mostrar. Um entendimento ao mesmo tempo individualizado, personalizado e comum em sua prática em todos os turnos, não permitindo ao artista preferências ou distinção para com essa ou aquela técnica, material ou procedimento. Acolhendo a linguagem e a mensagem com seus atributos de filosofia.
Padronizar os cuidados com o desenvolver da consciência artística é, em minha concepção profissional, pura conquista. Esses padrões manifestam-se amiúdes.
A qualidade nessa produção fundamental é, por exemplo, entender prontamente no instante em que se é solicitado pela ARTE, assim como o respeito as escolhas do tratamento que se dará a cada uma das expressões. A natureza tende a sentir-se à vontade com o artista, fortalecendo a confiança e garantindo a satisfação de suas expectativas. A ARTE hoje está diante de propósitos em conscientizar seus colaboradores, admiradores, pensadores da necessidade de atualização constante e por terem a habilidade de gerenciar os projetos efetivamente e de forma continua, mantendo-os informado das mudanças ocorridas com os processos seculares assegurando-lhes que o valor de um bom gerenciamento para a qualidade está não só nos processos padronizados, como nos espontâneos e primitivos, elaborados para lidar com qualquer tipo de contingência, resolvendo-as.

Daqui para a frente o Célebre será sempre como aquele quem dita a ARTE.

•Nessa etapa de minha condição profissional não poderia separar a história da ARTE e a história da ARTE brasileira, pois sou protagonista tanto de uma, por esse empenho de características institucionais impostas e conquistadas, como da outra, que transito com dedicação em todas as vivências. Considero relevante, sempre, o que posso e o que não já que é preciso presença com respeito. Uma ARTE com conhecimento, habilidade e em especial com respeito humano é imprescindível para uma maior qualidade na compreensão. Não podemos iniciar falando de ARTE sem enfatizar que ela necessita de profissionais extremamente humanos com vistas a encontrar soluções para problemas complexos na prática da história, no gerenciamento das possibilidades intuitivas, na educação e pesquisa, na cultura passada de pai para filho, mesmo que ainda persistem alguns condicionamentos acerca da compreensão deste ou daquele conceito ou como ele é usado na prática das escolas e dos ateliês, estamos bem perto da superação.
Minha história profissional na instituição da ARTE sempre foi ligada a vivência, observação e desejo. O medo de todas essas possibilidade é fator que reunião espantosos bloqueios e procrastinações. Ser convidado, pelas regras naturais que regem um ser artista, a assumir as condições de um trabalho de ARTE, e temer essa condição é, resumidamente, entraves que geram inconsistentes, mas significativas, sensações de abandono. Os andares para superação, aos quais havia me dedicado a subir, no percurso da vida, cuidando de compreender esses processos me levaram, vagarosamente a compreendê-los, porém não a superá-los todos. A partir daquele convite para pintar expedido por meu próprio ser, eu passaria a cuidar de toda a instituição que poderia constituir na descoberta de processos para a qualidade, aprendizado e produção, ou o que eu pressupunha ter que saber para localizar problemas, analisar processos e técnicas, padronizar sonhos e estabelecer itens de controle para cores e texturas, de tal maneira que o problema não mais voltasse a existir, sendo apenas fruto da árvore da criação. Produzir manualmente sempre foi a questão do prazer. Para a qualidade, a acuidade e o resultado, estes sim documentos que ensinam e difundem a política da qualidade da ARTE. O sistema da qualidade e as práticas da qualidade da instituição da ARTE, em todas essas rápidas reflexões me fizeram aceitar de pronto e, também, de muito a contragosto essa missão completamente imposta. Ao mesmo tempo que não gostaria de estar demonstrando resistência a mudanças, pensava em meus pacotes de ARTE, em minhas aquarelas, nos rabiscos que empacotei ou rasguei, nas musicalidades que imprimi no metal onde foram gastas horas infinitas para suas constituições. Mas, consolei-me com o fato de que minha missão não teria sido aceita assim de pronto, já que tudo o que criei, criei aos poucos e ao longo das décadas trabalhadas – processo que ainda é continuo. Resignei-me a conhecer os limites que a ARTE,em sua ilimitada sabedoria, impõe. Sua urgências de tão radicais permitiram a mudança, aliviando-me nos primeiros dias com sessões de choro intermitentes e, sempre escondidos, lamentar esse ora afastamento, ora uma significativa aproximação. Mantenho minha fé enraizada no fato de que não poderia ficar longe dos meus afazeres artísticos e que produtos dessa ARTE não poderiam ficar longe de mim. Pensando na arte que construo sei como cuidar delas e elas estranhariam meu afastamento. Diante desse dilema prometo sempre a mim mesmo que ficarei com todas as peças por tempos indeterminados ou por apenas um mês. Essa experiência, a de manter objetos de ARTE, é estranhamente bela mas sei que logo a providência virá em meu socorro. Nos períodos em que procuro dirigir-me a esse assunto digo a mim que ela, a ARTE, que não compreendia uma escolha tão difícil, pois a instituição da ARTE produzida e acumulada tende em afastar-me do que o de melhor eu poderia fazer por ela, com muita segurança, experiência comprovada e dedicação. Como de um dia para o outro eu passaria a uma função que, sinceramente, não me agradava e muito menos me interessava, que era a de acumulador de ARTE? Eu, como artista, jamais poderia aceitar o fato de ser afastado de todos esses objetos. Eles me ouviriam pacientemente e concluiriam que não há mercado capaz de abrigá-los. Diriam que eu estava coberto de razões ao encerrá-los em pacotes e protegê-los longe de todas as vistas, e portanto certo no fato de recusar ofertas e funções, mas que eles, os objetos, estavam convictos de que eu era a pessoa certa para mais novos trabalhos, portanto tudo ficaria conforme o combinado na primeira reunião: produzo sob os auspícios da ARTE como um gestor, acreditando que todos os resultados continuariam comigo. Pensando assim, na concepção da ARTE, eu era a pessoa ideal para a função e ponto final. Restava apenas, então, atirar-me aos novos trabalho. Inicialmente esforcei-me para acreditar que a função do artista compreendia não só minha ansiedade, mas que também estava convencido do sucesso de minha nova atribuição. Já conformado, procurei ilustrar-me sobre o assunto, e faço isso até hoje. Quais os fatos básico que determinavam aquele meu procedimento? Até então eu não havia atentado para a complexidade da tal proposta. Mal sabia das definições básicas que encerram o fazer artístico. Fui a luta. Resolvi-me primeiro em fazer o que se chama de “andar” segundo definições resumidas um processo contínuo e sistemático que permite a comparação do desempenho das organizações, relevando-se a qualidade e também a sua superação, ou seja, um meio para se atingir processos de melhoria na ARTE que se apresenta. Aos 14 anos sai em busca de informações a respeito do tema. O mundo estava diante de mim. Procurei informar-me sobre esses aspectos múltiplos, pintando, fazendo artesanato, desenhando e me perdendo em longas viagens, deparando-me com um tema ainda muito novo e carente de disponibilidade das informações. Procurei livros, mas não obtive sucesso, não conseguia lê-los até o final ou esquecia o que tinha lido na página anterior – depois vim a saber que a prática da leitura elimina esses inconvenientes. Informações referentes aos mestres me encantaram, mas eram ou estavam escassas. Nas andanças e paragens passei a visitar diversos locais, e aí sim, comecei a perceber que havia uma diferença. Desde minha chegada a ateliês improvisados até setores especializados, como museus ou galerias, tudo soava diferente, mais limpo, mais claro, mais adequado e aquilo me chamava muito a atenção. Passei a perceber profissionais orgulhosos de suas funções, um certo brilho em seus desempenhos. Um jeito seguro de falar e receber, de vestir, com fé, a compadecida missão da ARTE. Encantei-me com o barroco, os escultores em madeira, os vendedores de tapetes de palha, os fotógrafos, os músicos. Isso me despertou a atenção aumentando meu interesse pelo assunto ao qual estava predestinado. Foi exatamente nesse ponto que percebi a diferença causada por uma pessoa consciente de seu ambiente e de suas funções. Comecei a entender melhor e a me interessar em descobri mais profundamente as regras para esse trabalho de empenho que nada mais é que o de acreditar na intuição, nesse caso, a dádiva da ARTE.
Percebi que havia uma satisfação em atender os anseios e os prazeres do fazer ARTE, um certo orgulho em mim dizendo que agora meu atendimento é o melhor, na própria maneira de expressão dos metais gravados, dos profissionais que conheci, em todos eles percebi uma segurança em orientar, em falar, em comunicar-se. Que ARTE!

Daqui para a frente o Célebre será sempre você, não importando se não souber gritar.

Iniciei minhas atividades de ARTE para ter, antes de tudo, conhecimento dela própria e cheirá-la de perto. O discurso dos multiplicadores do saber a minha volta eram inauditos, o gerenciamento dos processos criativos nunca se escutou falar, conheci indicadores extraordinários, mas estão na sua maioria todos mortos, ou por falência de algum orgão ou por desvio de principios. Principiei pelo desafio maior que era o de conscientizar meus dedos, minha palma da mão, minhas virilhas e motivar as pessoas a me verem desenhando a maneira concomitante, que é exatamente com a esquerda e a direita. Eu tinha uma missão nada fácil de convencê-las. Uma missão tão gratificante quanto penosa. Com uma carga de trabalho diária desde os 12 anos, a ordem era a de mostrar, e de provar, a importância desse processo para todos garantindo suas inclusões. Aliás minha pergunta sempre foi “Todos querem ARTE?” Fazê-las assimilar mentalmente, compreender que toda essa escalada significava algo de valor e que portanto não estávamos no encalço de uma busca injustificada. Esse processo de descoberta e apreensão exigia sim uma atenção e uma disposição para a mudança de paradigmas, o despertar da consciência para a qualidade dos trabalhos realizados com as mãos, que se senti com as mãos. O ofício no qual se trabalha já esta presente dentro da cabeça de cada um, cobrando um momento de atitude e dedicação para consigo e muita atenção para com o seu próximo. Procurando a conscientização e o convencimento através da ARTE para que esse processo não significasse algo artificial de apenas preencher papéis importados com tintas caras, aquarelando em dourados, gravando a moda francesa ou o fato sem sentido de se correr atrás de um selo ou certificado de boas práticas emitido por algum museu de plantão. Essa busca incansável e diária começou a demonstrar resultados negativos logo em seus primeiros anos. Já ficava mais clara a participação excludente, o espírito derrotado de equipe e o envelhecimento espontâneo entre as cabeças que tive a honra de conhecer na busca de um objetivo insultado e comum. As pessoas envolvidas começavam a entender que só lhe restavam o afastamento, a surpreenderem-se com a falta de espaço acometido de emolumentos. A que ARTE então esse processo se referia?
Tudo isso, sem dúvida, repito,caracterizou um trabalho de conquista diária que envolveria uma pessoa, depois duas, quatro e assim sucessiva, obstinada e paulatinamente até o envolvimento de toda uma congregação de artistas. Um sonho de reencarnações. Uma legião de anjos artistas a tocar clarins. Uma grande emoção se revelou, pois no final tudo era trabalho. Haveríamos de conseguir? Que dolorido processo para reler todos os processos que a história nos delega, todos os procedimentos de uma ARTE foram descritos, onde artistas motivados seriam mudanças visíveis de atitude. Essa mudança de atitude só seria percebida em visita sacra da Anunciação. Era possível distinguir o brilho no olhar de cada um dos envolvidos nessa pintura? A grande satisfação de apresentar-se como pintor ou escultor estava no ar. No dia dessa possível visita de Anunciação, estaríamos informado de que o resultado sairia realmente? São perguntas que o texto da ARTE insiste em pespegar. A movimentação espontânea de todos os colaboradores nesse processo de produção e aglutinação, chegando de todos os lados, direto dos manaciais, em um movimento espontâneo, sem nada programado, um falando com o outro, em grande entusiasmo e confiança serveria para encher corredores? Filosoficamente falando seria um dos dias mais emocionantes da vida de qualquer um. Em uma dessa manifestação poder-se-ia constatar realmente uma mudança de atitude presente em todos essas conexões. Aquela uma alegria contagiante seria a prova do que ocorrera com todas as pessoas durante o processo. A necessidade de avaliar os desempenhos de cada um de forma a identificar-se sobre os fatores de sucesso ou de insucesso, faria com que se desenvolvesse uma nova motivação. Todos acreditariam que a melhoria da ARTE poderia trazer benefícios, que seriam realmente um ganho para todos os nascimentos em seqüência. Estaríamos diante de uma festa não programada, extraordinariamente espontânea, que, por seu voluntarismo, surpreenderia até aos ouvidores.
Diante dessa ópera, vivendo momentos impares pude perceber que pelo fato de estar ali, encarnado, a frente daquele propósito e credulidade, eu estava realizando meu sonho primeiro de ajudar, de fato, a cada um dos meus anseios que nunca deixei para poder integrar a essa demanda. Muito mais, infinitamente mais, do que se estivesse optado em continuar cumprindo planos para meu desenvolvimento, a ARTE ali se configurou. Ali ficou claro que com esse processo eu estaria propiciando um desenrolar, um benefício igual em qualidade para todos os momentos que viriam, nessa interação de processos e sequências onde mercadorias imprestáveis não forneceriam subsitência ou poderiam vir para se ajustarem, o ganho final seria a de uma discurseira interminável.

Daqui para a frente o Célebre será sempre a ARTE com a ARTE de fazer.

Meditação no horário não faz o bom monge. Padronização dos procedimentos sem os materiais necessários incomodariam sobremaneira o produto da arte visual. A alimentação constante das idéias, com qualidade, para as necessidades de um ofício seria a mediação segura para que todos lucrassem com isso, pois, sendo assim a ARTE e suas atividades especializadas já poderiam correr atrás de outros processos, diminuindo custos para os comprometimentos, incumbências e missões evitando a repetição de alguma coisa ou fenômenos desencontrados. Processos inferiores, superiores ou hierárquicos direcionados harmonicamente resultariam em mais tempo dedicado aos cuidados com o conjunto das práticas artísticas do fazer de um determinado dia, de uma determinada obra. O desaparecimento, como uma dádiva, daquele julgamento de que o ofício da arte distribuído diariamente é mais acolhedor do que o que tarda se diferenciaria. Artistas da noite seriam abolidos para sempre, pois do fazer artistico engajado eles independem. Eu poderia tornar extinto esse comentário pois os processos propiciariam a igualdade na qualidade do fazer contínuo, pois é essa prática a primordial de minha ARTE. Da recepção da idéia até a direção dos fatos produtivos e finalizadores uma forma saudável de crescimento surgiria. Um trabalho interno sutil e precioso como o de ordenar as observações feitas em esboços, encerradas em gavetas, anotadas, ouvidas e cantarolados. Seriam pois de valores instimáveis essas produções que se postariam a ouvir aos talentos e lideranças cromáticas.

Passamos a fazer uma analise crítica em cima das causas artísticas?

Persona

Valor. Exemplo. Referência.

A persona de um homem público, de um cuidador ou de um artista influi para muito além dos resultados de suas ações cotidianas, atentas, práticas e espirituais.
A persona em questão congrega a diferença, entrelaça metodicamente argumentos sugestivos prendendo a atenção, faz do cotidiano um lugar melhor do que, muitas vezes, ele realmente se apresenta.
A persona é excepcionalmente interessante, atrai atenções, sugere a beleza através de sua obra, cria com imaginação e maestria momentos de grandiosidade, vibra e fala a verdade.
A persona tem aparência simples e vai na frente, guiada por um homem, intimamente persuadido, que segue logo atrás.

)Luiz Carlos Rufo(

terça-feira, junho 05, 2007

Solanas nas Nuvens

Fotos de Mira Serrer Rufo

segunda-feira, junho 04, 2007




A concepção de Solanas

Concebendo Solanas

O ano é 2003. A coleção Solanas nas Nuvens foi produzida em técnica mista sobre cartão.
Seu temário foi dividido em três etapas sendo que em cada um dos blocos as imagens se repetem buscando, infinitamente, aprimoramento ao se redesenharem.

As características adotadas como valor de concepção nos remetem as necessidades do Barroco brasileiro e de suas sobrevivências através da madeira, do barro e do pó de ouro. Preceitos modernos para o minimalismo brasileiro são inseridos no labor para que se possa atingir o aperfeiçoamento através do recomeço.

Solanas é, originalmente, uma escultura em barro que representa uma mulher que dança. Concebida por uma, também, criatura, sua condição de objeto a leva a sonhar. Solanas é uma escultura que um dia quis ser mulher e que, por esta condição, trás o mundo até suas mãos. Solanas é o feminino que nasce, luta e sonha e como conseguinte se transforma em 68 visões aquareladas de si mesma.
The Solanas in the Clouds Collection is a mixed technique on cardboard production. The main theme is divided in three phases, with a repetition of images in each stage, searching for perfection.The features adopted as a conception value remind us of the Brazilian Baroque , the spirit of survival and gold dust , and the modern principles of minimalism that is supposed to reach perfection through an ever-lasting repetition process. Originally, Solanas is a sculpture made of clay, representing a woman who is dancing. Conceived by another human being, its condition of an object leads it to daydream. Solanas is a sculpture that someday wanted to become a woman - a woman who has the world in her hands. It is the birth of the female that also struggles and dreams.
Luiz Carlos Rufo
artista amigo da Árvore em Camboriú, Santa Catarina

Gabriel Rufo
ceramista, artista representando a Árvore em MG


autora, artista e curadora da Árvore na Bahia

artista amiga da Árvore
"Ana e as mulheres de Picasso visto por Rufo" - 2006

escritos da amiga da Árvore

“Anja Rosa” - pintura em óleo sobre tela - 1996 - Ana Luisa Kaminski

domingo, junho 03, 2007

Notícias da Árvore


O ateliê Árvore 637 inicia seus trabalhos de arte em materiais recicláveis envolvendo a produção de diversos artistas. Essa atividade se prolongará até o final do ano resultando em uma amostra. A feitura dessas peças requer materiais como saco bolha, aparas de papel, cola, farinha e diversas sucatas. Todos esses materiais são fornecidas pela GH2 Gráfica e Editora - empresa envolvida nas sérias questões da sustentabilidade e parceira do ateliê. Além de poder ver essa produção no próprio ateliê, o público terá acesso permanente as obras no Espaço de Exposição GH2.
Mira Serrer Rufo - curadora

"MEDUSA"


escritora amiga da Árvore.

Mil e uma noites

Henrique Serrer, Gabriel Rufo, Camila de Oliveira
(escondida atrás da escultura)
e Mira Serrer Rufo em noite de escultura no ateliê Árvore 637

Entrevista com Vampiro

A divulgação é a alma do negócio?
Arte é negócio, ciência ou diversão?
Continuamos a arte de outros?
O manancial criativo da natureza está a disposição de alguns?
A arte é de fato necessária?
Temos a vida inteira pela frente.
Dora Serrer Rufo, Gabriel Rufo e Luiz Carlos Rufo em conversa no ateliê Árvore 637

Um ou dois Poliedros de cristal



Um ou dois Poliedros de cristal.
Você é musa divina de robustez. Estou desvencilhando-me de compromissos terrenos, para vir a encontrá-la no âmbito do que chamamos de arte, se não debruçado sobre sua carne azul previnca a saborear seus olhos de olho-de-boi, determinados e imperiais, pelo menos olhando você passar, ao longe, segurando tintas, lavando pincéis, negociando estrelas.
Você é Deusa de frascário. Estou aqui com minhas idéias e meus afazeres e, entre um descanso e outro, sonho. Sonho que me pinta o rosto com apenas um toque dos dedos na tela, sonho que me fala de alguém, sonho, estupefato, ao ouvi-lá dizer-me que não sonho e que aquele retrato que me apresenta sou eu vivo de antes, também, do aqui e, quem sabe, do porvir.
Você é mulher vegetal de fraterna pureza e transparência em poliedro. Estou andando e conferindo os passos. Um exercício do presente. Cambaleio, ando a bordejar. Não por fraqueza mas em busca da experiência, pendo para um lado e para o outro fingindo movimentos sem equilíbrio, gracejando com a estabilidade. Dou pulinhos compassados como quando era criança nas vizinhanças barrentas de Engenheiro Goulart. Espanto um cachorro bonzinho, dissimulando-me de monstro fingido, balançando as mãos no ar, oscilando daqui para ali e só pensando em você. Quando paro e respiro ocupo-me de acender velas para as boas almas do cruzeiro, que fica ali no fim da rua e que serve muito bem para congregar esperanças.
Você é espelho biselado donde atento a me ver, sob efeito de algo dito anteriormente, buscando procedência. Ah! essa luz.