sexta-feira, abril 28, 2006

"O Lobo, Joyce"


"O Lobo, Joyce" - tempera sobre cartão 220x300-abr/2006
Luiz Carlos Rufo

terça-feira, abril 25, 2006

"ACQUA" pinturas


Pinturas e técnicas mistas - Luiz Carlos Rufo - abril/2006

sexta-feira, abril 21, 2006

"Onde ocorreu o nascimento"

Um canto, não imprescindível mas musical, cadenciado, suaviloqüência, doçura, delicadeza harmoniosa da vida. Melodiosas asas que sobrevoam o gramado, esse extenso gramado. Sutil e inaudível são suas notas, as desta melodia, você ouve? ...
LEIA EM

"LATITUDES"


Sinto-me feliz... Por poder querer-te como a um jogo de xadrez – talvez, sem fim. Em que desvario a luz dos quadrados. Altero o sentido dos exércitos. Pinto com tintas aguadas sobre papel de algodão. Em que te exponho à captura mas, ao mesmo tempo, como fiel peão, me deixo atingir. Todavia, te olho. Recolho-me em pensamentos perdidos pelo trâmite dos acessos de cristal. Levanto-me. Respiro. Não só pela boca. Porque aprendo que o movimento altera. Que as personagens se reconstroem. Pinto, pinto e pinto. As tintas me traem. E, em seguida, grito, esperneio, penso. Pelo prazer inebriante de cheirar a transpiração. A segregação que o medo expele, que o medo expulsa quando não somos honestos. Quando não somos frontais. Quando construímos metáforas. Eu construo metáforas... mas falo sempre a verdade.

Luiz Carlos Rufo

"MAGUINITUDES"


Na bancada de trabalho descubro os talentos de minha mão esquerda adormecida e esquecida desde a infância. Ela clama por atenção. Disfarço. Conheço Stanley Jordan tocando suas guitarras concomitantemente e com arrogância existencial. Animo-me. Ponho-me a trabalhar. Reparo que as distâncias convergem sob as linhas e traços da caneta. Corpos concêntricos, linhas mestras repetidas, perspectivas contrárias, côncavos e convexos no encaixe. Um sapo uma rã. Um lábio. Um peixe. O desenho é tudo em poder. O desenho é conquista e essa grande descoberta tem sido admitida como acidental, ou seja, afastada de qualquer investigação específica anterior. Regozijo-me. Risco tudo respeitando as ordens de magnitude que são bem menores do que a pressão da mão.
As canetas coloridas riscam em zig-zag e este tempo é longo do ponto de vista de turbulências, em desarmonia, em astrofísica com olhos no centro do céu. Reparo que se pensar os trajetos causo o efeito pantográfico. Se me esqueço desenho divinamente com ambas as mãos. A linha vermelha- esquerda - desenha o homem, a linha preta – direita – desenha a mulher. Seus braços se encontram, nasce o rosto e o beijo junto aos rabiscos dos cabelos. Por que estudar Astronomia? Porque desenhar com duas mãos. Qual a utilidade? Nosso objetivo como gente é utilizar o Universo, nosso objetivo como desenhistas é o de fazer laboratório e derivarmos portanto todas as condições de equilíbrio necessárias para calcular modelos.Deduzirmos após muitas observações das impositoras leis físicas, que poderão ser utilizadas em coisas muito práticas, desde prever as marés e estudar a queda de asteróides sobre nossas cabeças, até como construir reatores nucleares, analisar o aquecimento da atmosfera por efeito estufa causado pela poluição, necessários para a sobrevivência e desenvolvimento da raça humana, e tudo isso enquanto o traço traça.
Acho que é por razões tão assim que desenho, desesperadamente, mas com muita calma, com minhas duas mãos, a esquerda e a direita irmanadas em densidade e temperatura.
Luiz Carlos Rufo

quarta-feira, abril 19, 2006

Jacopo Della Quercia
Expulsion from the Eden, ca.1425-38
Michelangelo Buonarroti
Madonna and Child with St.John, detail, 1504-05
Giacomo Manzù
Young Girl on a Chair, 1955

"Beleza"

A beleza: uma questão insolúvel, indecifrável e inexplicável para a filosofia.

Ninfa Dormiente - escultura de Antonio Canova
escultor italiano, 1757-1822

“O cheiro é um despertar”


•Difícil entender sem cheirar, portanto criar um atelier de imagens do cheiro é o caminho para o choque, a reflexão e a sensibilização.
• Muitos são os caminhos sugeridos pelos odores corporais, cheiros humanos, ficando difícil escolhe-los com exatidão, pois nos remetem diretamente a imaginação.
• O olfato é o único dos sentidos que tem conexão direta com o processamento de emoções e o armazenamento de memórias.
• Perfumes ou odores são capazes de despertar sensações de alerta ou tranqüilidade, conforto ou incômodo. Além disso, o olfato nos informa a origem de cada coisa e está intimamente relacionado ao instinto de sobrevivência.
• Não raro "algo que não cheira" bem nos avisa de que há algo errado com um alimento ou até com um situação.
• Fechar os olhos é o primeiro passo para apurar este sentido. Depois, tente reconhecer os aromas ácidos, cítricos e doces presentes em diferentes flores, ervas, perfumes.
• E também vale "dar um cheiro", como dizem os baianos, nas pessoas queridas.
• O perfumes é um dos grandes meios de comunicação entre os indivíduos.
• Escolher uma fragrância é buscar um meio para transmitir personalidade, sentimentos e intenções.
•As fragrâncias são formas que utilizamos para sermos percebidos e notados através das sensações que causam, para disfarçarmos o que não queremos mostrar.
• Momentos de liberdade estão ligados ao cheiro que se exala. Quando poder é decidir qual aroma quer se sentir, transmitir, sabendo, inconfundivelmente, de suas significâncias.
• É só entender melhor seu nariz para ser mais feliz!
• O cheiro é um complexo de substâncias químicas que o cérebro percebe, identifica e guarda para sempre.
• Não há melhor arquivo para uma emoção, do que a relação com um cheiro especificado.
•É preciso saber escolher o tipo de perfume que exalaremos na vida.
• Em toda a natureza o cheiro atrai e rechaça.
• Valores históricos definem valores olfativos.
Luiz Carlos Rufo - NARIZ/2005

"Olhos espaçados "


O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, perdurando ainda no início do século XIX. O barroco brasileiro é claramente associado à religião católica. Duas linhas diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com trabalhos em relevos feitos em madeira - as talhas - recobertas por finas camadas de ouro, com janelas, cornijas e portas decoradas com detalhados trabalhos de escultura. Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas apresentam talhas modestas e os trabalhos foram realizados por artistas menos experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas.

"O Cristo do carregamento da cruz" - Aleijadinho

"Louvor de Oferenda"


Enquanto tomar emprestado brevemente
O veleiro branco deste corpo humano precioso
Empurrado pelo vento gentil da intenção límpida
Sem voltar para trás, em direção dos miseráveis desertos samsáricos
E sem cometer o erro de perder esta oportunidade
Tente receber as jóias da virtude, atravessando as ondas do oceano da mente
Até chegar ao continente sereno das Três Jóias
Já que fazer isto é mais significativo do que qualquer outra coisa.
(Norbu, Thinley. White Sail: Crossing the Waves of Ocean Mind to the Serene
Continent of the Triple Gems. Boston: Shambhala, 1991. )
escultura de Giacometti

"Perspectiva da Corporeidade"

A presença das mulheres na história da filosofia. Percebe-se que a figura do feminino “é discutida por meio de um sujeito que não é o que a representa, mas sim outro sujeito:
o sujeito masculino.
Líria Ângela Andrioli
filósofa
RS

"Do Elétron aos Quarks"

Há milhares de anos a humanidade pergunta-se quais são os blocos fundamentais que compõem toda a matéria e eventualmente o universo. A resposta a esta questão variou muito ao longo dos tempos, conforme a capacidade de observação e a tecnologia de cada época. Por exemplo, no final do século XIX acreditava-se que os elementos básicos da natureza fossem os átomos, os quais eram bem classificados usando-se a tabela periódica de Mendeleev. A Física de Partículas tem como seu objetivo o estudo dos constituintes fundamentais da matéria, suas propriedades e suas interações, sendo que a Física de Partículas moderna é o mais ambicioso e organizado esforço humano para compreender a matéria no seu nível mais básico.
Prof. Oscar J. P. Éboli
IFUSP

"ANDAR A PÉ"



Em todo o decurso da minha vida só encontrei uma ou duas pessoas que compreendiam a arte de andar, isto é, de dar passeios a pé — que tinham o gênio, por assim dizer, do «sauntering», palavra esplendidamente derivada de «pessoas vadias que erravam pelo país, na Idade Média, e pediam esmola sob o pretexto de irem à la Sainte Terre» à Terra Santa.
Henry David Thoureau
1817-1862

"ROBERT SAPOLSKY"

O primatologista Robert Sapolsky:
"Seja mais superficial"

terça-feira, abril 18, 2006



SENTADO, desenho de Mira Serrer Rufo

Mira Serrer Rufo

Desenhando, fotografando para a ÁRVORE637.
Abaixo grafismos: 1- maracadura; 2- lambidadevaca; 3-aquece

"Mira, desenhos"




Mamãe, sacode!
Luiz Carlos Rufo
Ora, vejam! O astrolábio é um instrumento de observação. Usado para se encontrar o angulo do sol, a lua dos planetas ou as estrelas além do horizonte, sua presença poderosa enchia de significados olhos aventureiros. Falar de astros e lembrar seus lábios permitia, ao amante de passagem, descobrir a distância que ia do ponto de partida de suas intenções até ao lugar onde a embarcação de Alzira, musa sempre distante, se encontrava, mas descobria-se, rindo ou chorando, gratuitamente ou em pesados desembolsos, que tudo se relacionava a medição da altura do sol ao meio dia. Mas como entender a disponibilidade de Alzira para com tão diversos e seqüentes amantes se não havia relógio? Era sim, possível! Ela nunca o disse, sabemos, mas era, pois mediam o tempo inteligentemente com ampulhetas, contavam as moedas suadas e capturavam o prazer com ares de tanto faz colhendo resultados pouco rigorosos, claro! Era vantajoso? Hum... todas as seqüências em relação ao quadrante, havia sempre um vento benfazejo não só porque era mais fácil trabalhar à luz do dia, igualmente para com a lua, como pelo fato de a Estrela Polar não ser visível no hemisfério sul. Este fato obstruía muitas reflexões dos pretendentes, dos presentes e dos que se iam, e de fato nada acrescentavam aos distraimentos e concentrações dos sentidos de Alzira. Ela costumava banhar-se na lagoa como os patos e tinha o gosto em feitios solenes, pompa e suntuosidade para com o ato de pentear os cabelos para trás para que ficassem colados e rentes a cabeça, brilhando, cheirando e seus pensamentos alados. Sua boca era linda. Alzira. Mulher que media, antecedia e calculava. O automóvel acelerava seguro e poderoso na noite clara do encontro, seu perfume era “touiours moi”, seus olhos tinham fantasias, seus cílios fragrância: era possível cheirá-los à distância. Tudo lá fora passava com velocidade por sua janela, por sua vez a minha tudo parecia que era calmo como se estivesse deslizando, suave, sem tempo para chegar. O astrolábio também podia ser usado para se determinar a altura das montanhas. Isso era sabido? Naquela noite, uma outra noite, claro, de descanso e pés descalços seu cavalo, o Azulado, tinha olhos fixos em algo além. Sua grossa crina sobre a testa brilhava com a lua fixa na distância, escondendo a marca de uma rala estrela em sua testa. Quem pode ter em sua caixa de jóias algo tão belo quanto um cavalo a não ser as alziras? Recordo ter presenciado em uma dessas ricas caixas quatro peças: maçã, figo, pêra e um voluptuoso morango todas elas, as peças, enfileiradas por tamanho e presas a um cordão de quatro voltas todo em ouro branco que vale toda a felicidade. Alzira era uma mulher sem cartografia definida, sem navegação segura, sem norte, sem estrelas, sem sinais de alerta ou de vida. Uma noite escura esperando o alvorecer, o som do galo, a magia da cor laranja invadindo, de baixo para cima, a escuridão que se afasta empurrada. Era mulher, assim memso, e muito mais, muitas faltas e ausências compensadas pelas medições. A cama de Alzira tinha muitos travesseiros e acolchoados coloridos para não acolher. A cama era um tipo de caixote inesquecível num quarto imenso, alto e fresco. Tão alto que podia comportar um vaso grande com uma árvore adulta. Ao fundo perto da janela que nascia do chão indo ao teto, outra cama menor onde podia, Alzira, admirar, nua, sem ser admirada, sua outra cama vazia com os lençóis remexidos e lembranças de muitas nudezas. Alzira sabia que era rica e diferente da maioria das alziras do mundo. Saber, não bastava? Quem poderia ter em sua caixa de jóias um cordão com maçã, um figo, uma pêra e um morango em ouro e prata? Alzira sabia que era rica e igual a maioria das alziras do mundo. Sem questões! Quem poderia ter em sua caixa de jóias um cordão com maçã, um figo, uma pêra e um morango em porcelana? Avistou-se por entre pedras um mar azul anil profundo e transparente, em barrado de azulejos, de águas nervosamente agitadas. A espuma corria por cima do bordejado das ondas e era composta por infinitos milheiros de pequeníssimos diamantes que valem toda a felicidade de Alzira.
N.S.Aparecida
barroquinho mineiro
barro e madeira com pintura esmalte
2002 - Prados - MG
Gabriel Rufo

segunda-feira, abril 17, 2006


Denominação: NOSSA SENHORA DA SOLEDADE
Época: SÉC. XVIII
Material: MADEIRA ESCULPIDA E POLICROMADA
Altura: +- 26cm
Proteção Legal: S/R.
Outras informações: Policromia predominante em tons de azul.
Peanha na cor verde, "peitilho" em dourado e mãos superpostas sobre o peito.
Desaparecida

Denominação: SANTO ANTÔNIO
Época: SÉC. XVIII
Material: MADEIRA ESCULPIDA E POLICROMADA
Altura: +- 36cm
Proteção Legal: S/R.
Outras informações: Peça com lacunas na policromia, carnação e douramento.
Perda dos atributos. Peça atribuída ao mestre Piranga.
Desaparecida


Denominação: SÃO JERÔNIMO
Época: SÉC. XVIII
Material: MADEIRA ESCULPIDA E POLICROMADA
Altura: 30,0 cm
Proteção Legal: S/R.
Outras informações: Restaurada.Desaparecida

Denominação: SANTO ONOFRE
Época: SÉCULO XVIII
Material: MADEIRA ESCULPIDA POLICROMADA.
Condição:"desaparecida"
Mestre Piranga
Sua obra é reconhecida no Brasil e no Mundo, tida como um ícone da imaginária barroca mineira do século XVIII, mas seu nome e dados de sua biografia ainda permanecem desconhecidos. Suas imagens católicas têm importante valor histórico e artístico, são consideradas assemelhadas e influenciadas pela obra de Aleijadinho e alega-se que tenha sido seu contemporâneo. As peças que lhes são atribuídas possuem estilemas acentuados, como os ombros exageradamente largos, planejamentos talhados de forma sumária em sulcos profundos e movimentos circulares nas mangas e na altura dos joelhos, os olhos grandes e esbugalhados, que chamam a atenção, são a assinatura do escultor.
Maurice Prendergast
Ponte della Paglia
1898-99 and 1922
Oil on canvas28 x 23 in.
(71.1 x 58.4 cm)
The Phillips Collection, Washington
Woman with Her Throat Cut
1932 Bronze 7 7/8 x 29 1/2 x 22 7/8 in.
(20 x 75 x 58 cm)
Alberto Giacometti
Stiftung, Zurich
Matthias Grunewald
The Crucifixion1515Panel from the Isenheim altarpiece:
oil on wood269 x 307 cm
(105 7/8 x 120 7/8 in.)
Musee d'Unterlinden, Colmar

“...the painting has a life it’s own. I try to let it come trough.”
Jackson Pollock

quarta-feira, abril 12, 2006

"Peter Paul Rubens"

LEDA - de Peter

"178 blogagens"

Cento e setenta e oito blogagens de conteúdo em quatro meses de existência. Colaboradores impares. Leitores atentos. Quatro vezes entre os tres BLOGS mais blogados.
É uma marca!

"ENTREVISTA NA ÁRVORE"


Ana Adominoni, responda com carinho.

•Qual sua formação, como despertou para arte, como se recicla?

A minha formação inicial foi de Caracterizadora Teatral; estudei no Teatro Colón, Buenos Aires, Argentina. Depois da Caracterização Teatral, estudei Cenografia na Escola de Belas Artes “Ernesto de la Cárcova” – IUNA, também em Buenos Aires.
Comecei a pintar quando era criança. Participei de concursos na escola, cheguei a ganhar. Fui muito estimulada. É a maneira que escolhi para me expressar. Sinto-me muito à vontade assim.

•Quais os sinais observados que a levaram a encarar a arte como veículo de seus anseios?


Como comentei, comecei a pintar quando ainda na infância. Os desenhos e as cores expunham as percepções da minha sensibilidade de criança. Continuou sendo o instrumento de exposição das minhas percepções.

•Qual técnica maIs lhe atrai e que temática vem desenvolvendo?

Gosto muitíssimo do Impressionismo.
O tema essencial das minhas obras tem sido o retrato das pessoas no meio social. As cenas cotidianas são muito interessantes, prestam depoimentos. Gosto de relatar esses depoimentos...

•O que importa a técnico ou a originalidade?

É preciso definir o conteúdo da distinção que a pergunta formulada adotou, quer dizer, é preciso saber se quer dizer que à técnica não é possível a adição do talento ou ainda se quer dizer que a originalidade é o parâmetro necessário e suficiente da expressão. Não faço a distinção desta maneira. O bom emprego da técnica retrata certamente a presença do talento. Sem dúvida, é possível que seja apenas o relato da existência do talento relativo à capacidade de dispor de certo instrumento, mas não há relação necessária. Talvez, portanto, não seja possível posicionar
as importâncias da técnica e da originalidade.

•Acompanha o mercado de artes, vende seus trabalhos oficialmente?


A primeira vez que recebi a notícia de que fora vendido um trabalho meu, fiquei eufórica. Não me lembro sinceramente quanto valeu aquela tela. Esse era aspecto que não tinha mesmo a
menor importância; fiquei felicíssima: afinal, houve interesse por aquilo que eu fizera. Hoje, da mesma maneira, há a mesma felicidade quando alguém se interessa por aquilo que faço. O dinheiro, no entanto, é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. A aferição da quantidade de dinheiro que mede o valor de troca de cada bem depende da verificação de parâmetros. Há trabalhos meus em galerias e em lojas.

•Acha que a arte deve ter mercado para ser arte?

Penso, como falei, que o dinheiro é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. A cultura sócio-econômica sinaliza os critérios de valoração dos bens. Com relação aos artistas, a impressão que tenho é que na maior parte das vezes a cultura sócio-econômica dispõe que apenas o critério do espaço-tempo é suficiente para valorar o trabalho, ou seja, significa que se paga apenas à mão-de-obra. Quer dizer, nem sempre se paga realmente pela obra-de-arte. Mas não é o mercado que informa a existência da obra-de-arte. Não há relação de dependência. O mercado pode influenciar as formas da manifestação da obra-de-arte, o que não pode resultar relação de dependência.

•No Conjunto Nacional, Av. Paulista em SP temos um amplo corredor onde periodicamente há amostras de arte, ou seja a exposição é livre para os passantes; temas ali no mesmo corredor o espaço cultural da Nossa Caixa, lugar onde se tem que entrar para ter acesso as obras. É flagrante onde os trabalhos são mais valorizados. Você acha que a obra de arte em relação ao seu observador depende do espaço que ela ocupa?

Há algum tempo a revista Caros Amigos publicou entrevista com o escritor Ariano Suassuna. Uma das perguntas que fizeram ao escritor foi se costuma ouvir música enquanto trabalha. Respondeu que não, que gosta muito de música, que a música demanda a sua atenção. Então, ou ouve música, ou trabalha. A resposta de Suassuna é muito interessante, suscita a relação entre a obra de arte e o espaço do observador. Quer dizer, ao que parece, divulgação e exposição não se confundem; de fato, talvez devam acontecer em locais de características distintas.

•Você exporia sua obra em qualquer lugar desde que tivesse observador ou suas amostras dependem do espaço que as acolhe?

Como comentei na resposta à pergunta anterior, penso que é certo prestar atenção ao espaço do observador. Acho que o bom local para exposição é aquele que permite o exercício da vontade do observador. A divulgação é importante, é necessária, mas, como disse, não se confunde com a exposição, que deve acontecer em local com características próprias.

•Gostaria de ver suas obras expostas onde?

Sempre quero muito saber o que as pessoas pensam sobre o que faço. Lembro de novo de quando recebi pela primeira vez a notícia de que fora vendida uma tela minha. Pensava e pensava sobre o que motivara alguém comprar aquela tela. Então, é como disse: gosto do local que permite o exercício da vontade do observador. Tem a ver com a oportunidade de saber que interesse há por aquilo que fiz. Além disso, acho que as pessoas que se interessam em saber aquilo que faço me oferecem oportunidade muito rica de pensar sobre as reações àquilo que faço.

•Qual seu ritmo de produção e o que tem feito ultimamente?

Trabalho diariamente. Experimento as idéias. Procuro maneiras de expressá-las. Faço inúmeros ensaios. Tenho, por isso, freqüentado a Oficina de Arte do MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia), o que possibilita o amadurecimento de idéias e satisfaz os meu objetivo de trocar idéias com outros artistas.


•Pretende expor na ÁRVORE637?

Acho uma boa idéia expor em páginas culturais.

•Quem é mais importante para o mundo o artista ou o vendedor?

As possibilidades de expressão do gênio humano são, sem dúvida, infindáveis. Os talentos são os mais diversos, sempre destacam a beleza das possibilidades infinitas do ser humano. Como disse, o dinheiro é mecanismo de medição dos valores de troca de bens. Nem sempre é possível dizer que os critérios da cultura sócio-econômica são justos quando determinam quantos dinheiros valem os talentos de cada um.

•Treze é número de sorte? Faça seu derradeiro comentário.

Quantas pessoas vão ler esta entrevista? Gostaria de saber. Ta aí um número de sorte. O número de pessoas que se interessou em saber um pouco do meu trabalho. Um número de sorte. Mais sorte ainda com certeza será o número daqueles que vão resolver conhecer um pouco daquilo que eu faço. Esses números eu sempre gosto demais.
TANGO - óleo sobre tela - Ana Adominoni

terça-feira, abril 11, 2006

"Em debate..."


A começar pelo estado de grande confusão em torno do real. Douglas Noris aprendeu que o artista não tem nenhum compromisso com a verdade ou com a possibilidade de mentir. Isso é coisa da História, a começar por Michelangelo. O que a arte deve ter é verossimilhança. Precisa convencer. Precisa escapar de si própria e de seus propósitos. E ele não perdeu isso de vista quando quis impedir a entrada de colecionadores e galerista em seu maravilhoso "Necrotério". A incômodo da muleta do jornalismo pós-moderno - para construir a imagem de um artista múltiplo e pesquisador - quase horaciano - da virtualidade e da eletrônica não o alcançou. E fazendo isso acertou de novo, reeditou sua obra original em tempo sequente. Deu entrevista por internet para uma imprensa ávida pela apresentação do novo, do estrangeiro em sua própria terra, do marciano que fala português. O discurso desse rebelde-planetário recheado de não-clichês assustou soberbamente a patuléia. Sua obra é reclusa e espelha, estranhamente, os ecos dos santaelenicos, e sendo assim cria uma linha de tensão entre seu tempo e os desafios da arte temporária que vemos fluir.