domingo, julho 13, 2008

Apresentando o poema

Rufo e Cida Serrer: leitura do Poema "JOVEM"
Ateliê Árvore 637

Helena

Helena Rufo apresenta em Minas Gerais os Pratos de Rufo
foto: Gabriel Rufo

quinta-feira, julho 10, 2008

"O Patrono"

Ter um patrono é ser abençoado por Deus.
Ter por perto quem dedicou-se por toda uma vida as coisas boas de ser gente para defender, sem intenção, suas causas, suas idéias. Ter um amigo assim, ter um defensor assim, ter um protetor assim é ter um Santo Padroeiro. Viva nosso Patrono, Manuel Davanzo
•Rufo e Manuel Davanzo, clicados por Mira Serrer Rufo em dia de visitação ilustre

domingo, julho 06, 2008

"Recado dos deuses"

Levar e trazer novidades dentro de caixas envolvidas, corretamente, em sacos bolha. Pego as estradas quem vêm. Aventuro-me nas estradas que voltam. Sempre carregado de encomendas, abarrotado de pacotes. Essa é a minha missão entre Minas e São Paulo. Entre a Cerâmica Aluaxé e a Árvore637. Entre Prados, cidade bela e a Lapa, a cidade rosa. Da madeira lavrada pelo tempo e transportada por mãos marcadas mas afetuosas as pinturas de telas, pratos e retábulos da comtemporaneidade. A arte barroca é assim. Depende do mensageiro. Depende do intercâmbio de talentos e produções. Sigo em frente seja lá qual sentido for o caminho. Se indo, estou levando riquezas; se voltando trazendo bagagens espetaculares. Missão sempre difícil de compreensão, por ser essa condição delicada e simultaneamente precisar de muita força; por ser extravagante os conteúdos que carrego; por ser histórica esse mandato. Vou e venho. Quando estou lá lembro-me daqui, se for daqui o que estou escrevendo. Daqui sempre imagino o que se está a criar por lá.

Gabriel Rufo- Debate de Idéias com Rufo.

"A Casa, fotogrametrada"

Temos a força do leão? Sim, sei que temos. Para registrar basta-me um clique, apenas um. Caso o perca, tudo se foi. É assim na Casa. Lá onde a arte habita. Tento orientar-me pelos acontecimentos, mas é tudo em vão. O acaso funciona melhor, Chego clicando pois tudo está lá. Sempre novo, sempre inusitado, sempre muito do que acabo perdendo, estranhamente, me orienta para que eu esteja lá.
Acompanho a Casa. O leão me acompanha, pois é assim que compreendo a força emprega da na captação de uma imagem. Se a perco fico sem folego para as próximas. Antigos trabalhos chocam-se com os novíssimos que revesam de lugar. Esses trabalhos saem dos pacotes para a parede; da parede para os pacotes; dos pincéis para as telas e eu estou lá para clicá-los, para eternizá-los em seus muitos momentos novos. Essas imagens mudam de lugar mas eu as persigo. Elas brincam comigo, sei disso. Aparecem e se escondem, mas não escapam. Não conseguem se ocultar de mim, pois sou agente dessa história. Sou a fotografa da casa.
Mira Serrer Rufo- Debate de Idéias com Rufo: "A Casa".

"depois finaliza"


“Falar sobre arte significa, sobre tudo, convencer a todos; dar sentido, norte, um rumo; fazer crer no conjunto exposto e comungar de uma mesma idéia.” diz Rufo.

•São belas essas suas próprias palavras, porém, para ele, o dono delas, o mais importante no trabalho de busca pela arte não foi somente o de fazê-la, ou compreender como que pessoas acreditassem na conquista de formulações estéticas ou mensagens espirituais, um fato de certo, mas sem dúvida, novíssimo em suas vidas, como o foi para a minha que tento captar esse universo de acontecimentos. Porém, insiste Rufo, "fez-me ver o que pensavam os filósofos a respeito dos fenômenos que se nos apresentam sobrenaturais o que nada mais é, constato, do que as sensações que nos vem antes do pensamento, nesse meio tempo cria-se. As sensações são formuladas antes do pensar a ARTE. Não destruir essa sensação é permanecer na ARTE. Ao artista chegam os sentimentos primeiro, fontes delicadas do saber fluem livres, são porem invisíveis mas gratificam o cérebro. A ARTE, ou o fazer ofício, é a concessão de um certificado de avaliação cósmica que exprime a concordância com um conjunto de padrões previamente instituídos por características dos mistérios da natureza."

Essa é sua fala ininterrupta e depois finaliza sem prestar a atenção nas minhas interferências "Acreditar a partir de um gesto é uma nova idéia de qualidade vivencial que combina segurança intima, ética profissional, responsabilidade e qualidade no atrevimento. Mas, a missão, imposta a mim, de fazer com que todos passassem a ver com clareza as infinitas possibilidades que esse fato, o da ARTE para todos, encerrava, quanto aos acontecimentos reais acrescidos de arte inata, presentes diariamente em suas vidas, tanto pessoais quanto, igualmente, conjunturais era, é e será sempre um grande desafio." É assim. Lentamente consigo entender essas telas.
Taís Wonder Grimme - Debate de Idéias com Rufo falando.

"É o que ele diz"


Quais os fatos básico que determinavam aquele meu procedimento? Até então eu não havia atentado para a complexidade da tal proposta. Mal sabia das definições básicas que encerram o fazer artístico. Fui a luta. Resolvi-me primeiro em fazer o que se chama de “andar” segundo definições resumidas um processo contínuo e sistemático que permite a comparação do desempenho das organizações, relevando-se a qualidade e também a sua superação, ou seja, um meio para se atingir processos de melhoria na ARTE que se apresenta. Aos 14 anos sai em busca de informações a respeito do tema. O mundo estava diante de mim. Procurei informar-me sobre esses aspectos múltiplos, pintando, fazendo artesanato, desenhando e me perdendo em longas viagens, deparando-me com um tema ainda muito novo e carente de disponibilidade das informações. Procurei livros, mas não obtive sucesso, não conseguia lê-los até o final ou esquecia o que tinha lido na página anterior – depois vim a saber que a prática da leitura elimina esses inconvenientes. Informações referentes aos mestres me encantaram, mas eram ou estavam escassas. Nas andanças e paragens passei a visitar diversos locais, e aí sim, comecei a perceber que havia uma diferença. Desde minha chegada a ateliês improvisados até setores especializados, como museus ou galerias, tudo soava diferente, mais limpo, mais claro, mais adequado e aquilo me chamava muito a atenção. Passei a perceber profissionais orgulhosos de suas funções, um certo brilho em seus desempenhos. Um jeito seguro de falar e receber, de vestir, com fé, a compadecida missão da ARTE. Encantei-me com o barroco, os escultores em madeira, os vendedores de tapetes de palha, os fotógrafos, os músicos. Isso me despertou a atenção aumentando meu interesse pelo assunto ao qual estava predestinado. Foi exatamente nesse ponto que percebi a diferença causada por uma pessoa consciente de seu ambiente e de suas funções. Comecei a entender melhor e a me interessar em descobri mais profundamente as regras para esse trabalho de empenho que nada mais é que o de acreditar na intuição, nesse caso, a dádiva da ARTE.Percebi que havia uma satisfação em atender os anseios e os prazeres do fazer ARTE, um certo orgulho em mim dizendo que agora meu atendimento é o melhor, na própria maneira de expressão dos metais gravados, dos profissionais que conheci, em todos eles percebi uma segurança em orientar, em falar, em comunicar-se. Que ARTE!
Sussana Hojas Herrera- Debate de Idéias com Rufo falando.




"A Casa"

Aproxima-se da porta e chama: - Ô de casa! Porém, ouve somente o eco. A porta está aberta. Já não existem mais travas neste lugar sagrado de culto à beleza. A imaginação e a sensibilidade se encontram atribuindo significados a cada obra que nasce.A magia da interpretação é conduzida através do silêncio. Os sentidos são despertos pelas paisagens naturais com suas formas e cores; com nuances efêmeras, mas profundas.Nesta Casa o Ser é livre e imprime sua essência. O espírito está sempre a realizar os arranjos da arte; a emoldurar os passeios; os encontros; os entretenimentos prolongados com os amigos.A presença e a arte revelam as conjugações da pluralidade humana. Ela é a carne e o espírito, o sonho e a realidade, a natureza e o sobrenatural, a vida e a morte. Ela é a fruição, uma espécie de linguagem que evoca o mistério do existir.Nesta Casa, o sublime e o belo são traduzidos pelo artista: verdadeiros transes de revelação. Ele abriga em si mesmo, as vozes do Universo para iluminar suas obras, e os segredos recolhidos estão sempre à espera do desvelar.

Miriam Lopes - "Movimento Poético: Percepções ao Caminhar"

sexta-feira, julho 04, 2008

uma tarde, ao entardecer

O assunto da ARTE precoce e inata povoou minha infância e adolescência, inspirando-me, enriquecendo tudo o que era pobre em meu entorno, possibilitando cores, sonhos, ocupando minha cabeça por décadas com questões complicadíssimas que versavam sobre qualidade das coisas feitas com a mão, fama, aceitação por parte dos que nos afligem, valores, beleza, sedução. Através de leituras diversas e casuais, visitas arranjadas pelo espontâneo das coisas, passei a compreender que a ARTE, também conhecida por mim como um esforço inalcançável de alguém, como por ser de plena formação, assegurando conhecimentos que eu não sabia explicar. A esses usuários da excelência disponível, a qualidade da assistência familiar, e que era bem possível de ser conquistada, não só por mim mas por muitos que conheci, com muito carinho, esforço conjunto e doação pessoal, além de muita, muita dedicação e compenetração. A própria palavra “ARTE” contém um certo estranhamento que muitas vezes vi estampado nos rostos dos que me ouviam atentamente buscando compreender minha função de artífice das ocasiões, pois ela, a ARTE, estava completamente deslocada nesses ambientes, e eu, com maestria natural a evocava. Pois é, evocação, uma palavra que trás em si uma certa novidade que quer, e insiste pelo seu modo quebrado, nos convencer de uma veracidade. Assim eu tentei e prestidigitei a platéia. Acreditar, é sobretudo um termo técnico moderno, um ente de poesia, um nome para se gritar quando vive-se de vender verduras frescas. Não constante em dicionários, acreditar, nesse sentido complexo para designar conquista com qualidade dos argumentos que o rodeiam, é uma palavra que contém múltiplos procedimentos que se descortinam aos poucos, que nos envolve numa aventura de desafios e correções e nos faz compreender e formalizar a melhoria dos processos de nosso trabalho seja ele claro de sua missão ou apenas um impulso. Mas, quero chamar a atenção para a meritória idéia de continuidade que vem, inelutavelmente, embutida nessa palavra para logo além das primeiras conquistas que nos propicia. Uma das condições para a ARTE que, após conquistada, prevalece como suplemento autenticado em cada trabalhador envolvido nessa história, validando seus esforços em todas as fases, exigindo um caminhar atento e contínuo, sem tréguas, que nos levará de pronto a uma nova superação. A ARTE é assim.

Luiz Carlos Rufo - Debate de Idéias com Taís Wonder Grimme.

por onde alguém deve seguir


"Um violino toca fora de hora e de lugar. Tenho uma gentil lembrança de observações que ocorreram lá pelos anos de 1964, quando ainda tinha oito anos. Esse filme lento que ocorre em contínuas sessões em algum canto do meu cérebro ou de meu coração, às vezes um, às vezes o outro, entrecortado por rasgões escuros que se sobrepõem as imagens me diz, em uma mistura de perversos odores e sons longínquos que não mais posso definir, mas que sempre se insinuam doces e coloridos no plásticos do céu, do tingido do chão vermelho e esvoaçante, da luz fluorescente na varanda de minha casa – uma novidade para os meus olhos - me ensinaram o caminho para a vida, ou melhor dizendo, minha maneira particular de perseguir essa vida. Essas lições as apreendo por fidalgos instantes. No ofício que construí a partir de tentativa e erros, inclino-me, inexoravelmente, sobre materiais diversos e neles imprimo o que desejo, o que intuo e o que, certamente, nunca compreenderei e que vêm aparecer em formas e cores. Da neblina espessa das manhãs solitárias de minha infância, movimentando-se lenta por entre os montes e casas simples, que admirava caminhando em direção a escolinha de madeiras verdes, aprendi muito sobre a vida. Aprendi como ama-la sem pensar, como compreendê-la sem explicar, como acreditar em sua existência sem a necessidade de comprová-la, tão simplesmente como a lição da professora que cantava em classe "antes do ‘p’ e do ‘b’ temos ‘m’." Os acontecimentos se sucederam como páginas folheadas em um livro escrito. Os formatos da vida insinuaram-se categóricos em suas sensações, massas e fluídos. Muitas vezes, quando não estou ocupado com inúmeros afazeres, fico livre e relembro daqueles coloridos; daquela luz fluorescente brilhando, tímida, na escuridão do quintal; da terra fresca e molhada pela neblina insistente naqueles anos, meus olhos ficam aguados e me acalmo. Nesses momentos sei que ouço, que vejo, que sinto, sei que cheiro com o nariz apenas com o poder de lembrar, mas ainda não compreendo para que tanta vida e por que me alegro com ela e aceito suas quantidades."

Luiz Carlos Rufo - Debate de Idéias com Taís Wonder Grimme.

quinta-feira, julho 03, 2008

complexos sentidos

"Não recebi nada anteriormente conforme informei.
Não te enviei nada pois não tinha com o que trabalhar."

Analisando a frase, que quer de inicio como tema, "Transformando idéias em poemas!" adotada, percebo um certo engano na afirmativa. Tento explicar-lhe:
Redigir criando sentidos complexos, ou sem imediata explicação, não se afeiçoa a comemoração de uma entidade criativa séria. Essa fórmula é inadequada, antiquada e amadora, já fartamente usada em muitas outras ocasiões pela literatura desavisada. Digamos que tem suas bases semióticas calcadas em um engano, em um desavisamento, pois em nenhuma situação conhecida idéias previnem poemas, muito ao contrário, idéias expõem e deixam seu criador a mercê da capacidade do interlocutor entender o proposto, as vezes a humanidade leva séculos para compreender uma idéia. A idéia não se transforma em nada pois ela é o extrato de uma captação, de uma intuição. A verdadeira idéia constrange os ditames comuns; expõem seu inventor muitas vezes ao ridículo; após uma idéia todas as trajetórias são mudadas, todos os rumos corrigidos. Portanto a afirmação "Transformando idéias em escritos!" é infeliz no que diz respeito a filosofia que tenta encerrar. É como admirar a beleza de uma flor de plástico atribuindo-lhe predicados da natureza.
A palavra “idéia” tem como fundamento a filosofia. A palavra “escrevendo” e elemento de sustentabilidade com seu conceito nascido na contemporaneidade. Uma criatura com menos de 60 anos de existência tende a pretensão se quiser explicar esse fenômeno.
Finalisando, para extrair-se algo desse caminho deveríamos dizer que “A escrita proporciona idéias iluminadas”. Aí sim poderíamos achar a verdadeira frase para os próximos séculos.
Luiz Carlos Rufo - Debate de Idéias com Taís Wonder Grimme.